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CPT BAHIA

Ações concretas nascem dos debates da 39ᵃ Romaria da Terra e das Águas

A manhã de sábado na Romaria da Terra e das Águas é marcada pela formação política e social dos romeiros e romeiras, tradição mantida nesta  39ᵃ edição,  que acontece até amanhã, domingo, 03 de julho, na cidade de Bom Jesus da Lapa. O evento deste ano discute o tema: Cuidar da Casa Comum, conversão ecológica e a organização da Romaria é da Comissão Pastoral da Terra – Bahia, Dioceses de Bom Jesus da Lapa, Barreiras, Irecê, Barra, Caetité, Arquidiocese de Vitória da Conquista, Santuário Bom Jesus e organizações e movimentos populares.

Em cinco diferentes pontos da cidade, foram montados plenarinhos para discutir a questão ambiental a partir da realidade vivida pelos IMG_8979romeiros. Tomando como ponto de partida a motivação: “A vida no planeta depende das crianças e dos adultos”, as crianças usaram desenhos e textos para demostrarem como eles podem se comprometer para cuidar do planeta, destacando o que deve permanecer e o que deve ser eliminado para o bem da vida comum. Cerca de 60 crianças participaram da formação, no Centro Comunitário Dom Diniz, que utilizou vídeo, cartazes e música para trabalhar com os pequeninos.

A música, inclusive, é marca da Romaria. Nada acontece sem um grupo de animação e em todos os plenarinhos as canções reforçavam os temas em debate e a importância da luta. “Nosso direito vem. Se não vem nosso direito o Brasil perde também”, entoava uma das canções durante o plenarinho Saneamento Básico na bacia do Rio São Francisco, que aconteceu na Igreja Bom Jesus dos Navegantes.

Inicialmente, os participantes apresentaram as realidades das suas regiões e relataram IMG_8953problemas como a falta de tratamento de esgoto, a frágil coleta de lixo, a poluição dos rios, os alagamentos nas cidades, a inexistência da coleta seletiva e o desmatamento. Depois de analisarem a responsabilidade das pessoas para este cenário, também foi destacada a frágil legislação que permite as empresas despejarem lixo nos rios. Como compromisso para a próxima Romaria o grupo se propôs a realizar ações e monitorar as políticas de saneamento básico nos seus municípios.

Como todo lugar é espaço para as pessoas se reunirem e falarem da vida em comunidade,IMG_8950 os participantes do plenarinho “Terra e territórios tradicionais: para onde vai a luta?” aproveitaram a sombra das árvores da Esplanada do Santuário do Bom Jesus para discutir como diante da crise ambiental e de representatividade política no Brasil, que enfraquece a democracia, as comunidades diretamente ligadas à terra podem retomar os processos de luta, resistência e retomada dos territórios.

Como saída para esta realidade foi destacada a necessidade de qualificar o trabalho de base, demostrando a relação entre o campo e a cidade, a organização popular para enfrentar as grandes empresas, o fortalecimento da agroecologia e o envolvimento da juventude na luta política. Os participantes deste plenarinho também chamaram atenção para o processo de criminalização dos movimentos sociais com intuito de enfraquecer a resistência popular.

IMG_9032O plenarinho Juventude e Casa Comum: o cuidado com a vida, a terra e as águas,aconteceu na AABB movido a muita música, mística e animação. A assessoria ficou com a responsabilidade de Juliano Vilas Boas do Centro Agroecológico do Semi-Árido – CASA. Segundo ele, “vivemos hoje em um modelo econômico e social depredador, exterminador e genocida. Sendo que a juventude é um dos alvos principais deste sistema.” Para enfrentar esta situação ele aponta a necessidade da juventude lutar por um projeto popular que garanta uma casa comum.

Os jovens presentes destacaram como encaminhamentos: a necessidade da juventude se articular na luta por políticas públicas; convocar audiências públicas para o debate sobre a questão ambiental; organizar e fazer luta pela construção de leis que impeçam a implantação de pivôs de irrigação nas fazendas; envolver e organizar a juventude e a igreja nas lutas pela garantia da casa comum, como vem sendo expresso por Papa Francisco. Por fim, os jovens se comprometeram a voltar para as suas dioceses e fazer aplicar na realidade os compromissos assumidos e experiências compartilhadas.IMG_8991

Na Igreja São José Operário, o debate foi sobre Fé e Política – desafios e perspectivas. Os participantes discutiram a fé como uma postura de enfrentamento e sinônimo de coragem, que é a união do coração com a ação. “Temos que acreditar no poder da minoria como a luz, o sal e o fermento. A luz incomoda as trevas. O sal é pouco, mas incomoda e o fermento aumenta a massa”, disse Gilvander facilitador do plenarinho. Como propostas e encaminhamentos o plenarinho definiu entre outras ações: a não terceirização das responsabilidades sociais, políticas e religiosas; o enfrentamento das contradições internas da igreja e a articulação da solidariedade com a luta por justiça.

 

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