cropped-logo-cpt-1.png

CPT BAHIA

Juventude Camponesa da Bahia faz carta política

Em carta, jovens do campo se posicionam contra a tentativa de impeachment da presidenta Dilma, a favor da saída de Eduardo Cunha da câmara de deputados  e pelo fim do financiamento privado de campanha. Confira o texto na íntegra, logo abaixo!

 

X Encontro Estadual da Pastoral da Juventude Rural da Bahia
11, 12 e 13 de dezembro de 2015, Boa Nova – BA.

Somos jovens camponeses de comunidades rurais, assentamentos, quilombos, fundos e fechos de pasto dos diversos cantos da Bahia. Estamos organizados na Pastoral da Juventude Rural e em dezembro de 2015 estivemos reunidos com cerca de 150 jovens em nosso X Encontro Estadual, desenvolvendo estudo, debate, formação e organização.

X Encontro Estadual da Pastoral da Juventude Rural da Bahia
X Encontro Estadual da Pastoral da Juventude Rural da Bahia

Demarcamos nosso campo político na luta pela permanência da juventude no campo, nosso local de vida, trabalho, educação e cultura. Nossa identidade é camponesa, somos do campo e defendemos o bem viver no campo. Nossa resistência se dá pela construção de uma agricultura camponesa agroecológica e soberana, que produza condições de geração de renda através de trabalho cooperativo, desenvolvendo a igualdade de gênero, a valorização do conhecimento camponês assim como a soberania alimentar e territorial das comunidades rurais.

Em contínuo esforço de estudo para qualificar nossas ações reconhecemos a necessidade de compreender a realidade brasileira desde as nossas bases até os processos conjunturais por que passa nossa nação, para assim guiar nosso fazer político e unir esforços como Igreja em missão aos demais movimentos sociais do campo e da cidade na luta pela transformação das condições de vida da classe trabalhadora.

Em nosso Encontro Estadual, através do estudo e debates chegamos à conclusão que:

• O modo de produção capitalista passa por uma grave crise. Em momentos de crise, o capital busca mecanismos para aumentar a exploração sobre a classe trabalhadora, retirando direitos trabalhistas e aumentando o grau de exploração. A crise do capital torna-se mais grave nos países periféricos como o nosso.

• Nos governos do PT (2012-2015) houve um conjunto de ações que retiraram os trabalhadores mais pobres da miséria. No período posterior, a disputa girou em torno da retomada das políticas neoliberais ou a continuidade das políticas sociais com redistribuição de renda. A vitória de Dilma sinalizava a continuidade destas políticas sociais, contudo as medidas econômicas do novo governo, na prática, estão implementando o projeto neoliberal derrotado nas urnas. Por isso, faz-se necessário que o governo Dilma rompa com a atual política econômica.

• Porém, a maior crise atual do país é a crise política, levada a cabo por setores derrotados nas últimas eleições, que agora, aliados aos grandes meios de comunicação de massa e ocupando bancadas significativas no congresso, implementam inúmeras pautas retrógradas que atacam o povo brasileiro, desestabilizam a vida política e recentemente tentam aplicar um golpe institucional na presidência em forma de impeachment.

Por meio desta compreensão manifestamos nossa posição política:

• Nos posicionamos contra a tentativa de impeachment da presidenta Dilma, pela defesa da democracia e continuidade do governo eleito nas urnas;

• Exigimos a imediata destituição do cargo de presidência da câmara dos deputados e a cassação do político Eduardo Cunha, líder do conjunto de políticos corruptos no congresso e inimigo do povo brasileiro;

• Somos contra o modo de funcionamento do sistema político atual, somamos esforços na luta pelo fim do financiamento privado de campanha que dá acesso irrestrito aos interesses da elite rentista e do empresariado no fazer político da nação. Reconhecemos a urgente necessidade de uma reforma do sistema político por meio de uma constituinte exclusiva, popular e soberana;

• Nos movimentamos contra o modelo de desenvolvimento capitalista no campo, implementado por empreendimentos do agronegócio, mineração e agrohidroenergia que expropria territórios, extrai recursos naturais de modo inconsequente e gera externalidades que impactam de maneira irreversível os solos, as águas e a atmosfera, destruindo as condições de vida do povo do campo e da cidade;

• Lutamos contra o latifúndio, por uma reforma agrária popular que proporcione acesso à terra à quem deseja produzir alimentos saudáveis para a nação;

• Exigimos o avanço de políticas públicas que gerem transformações estruturais no campo, produzindo condições de subsistência das comunidades camponesas e seus modos de vida e desenvolvimento. Exigimos o avanço das políticas de convivência com o semiárido;

• Repudiamos a política de fechamento das escolas no campo e na cidade, e a precarização da educação pública em todos os níveis. Repudiamos a política implementada pelo governo para a educação rural. Exigimos a implementação da política de educação do campo conquistada na lei pelos movimentos sociais e a construção de uma educação adequada às especificidades do campo, proporcionando acesso e permanência da juventude à formação em nível médio, técnico e superior de qualidade;

• Repudiamos as práticas de violência e extermínio da juventude, a repressão às manifestações juvenis e toda e qualquer forma de preconceito de gênero, cor, etnia e orientação sexual. Nos posicionamos contra as tentativas de redução da maioridade penal por setores conservadores do congresso;

• Exigimos a imediata implementação de políticas públicas voltadas para a permanência do jovem no campo e melhoria das condições de vida, estruturando formas de trabalho-renda, educação, lazer, transporte, acesso à informação e cultura;

Diante das questões colocadas, construímos nossa luta a partir das bases da Igreja, compreendendo a tarefa deixada pelo camponês de Nazaré, Jesus Cristo, de construir o projeto do reino de Deus na terra, lutando contra as diferentes formas de opressão e tomando a posição em favor dos empobrecidos e injustiçados desta sociedade. Assim como tem instruído nossa liderança maior, o Papa Francisco, devemos nos movimentar contra o modo de produção capitalista que tem destruído a obra de Deus: a mãe terra e sua criação. Temos a convicção de que todos os homens e mulheres são iguais perante Deus e, portanto, têm direito à uma vida plena e digna, como o próprio Papa nos diz: “nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos.”

Fora Cunha!
Juventude Camponesa!
Terra, pão, dignidade!

Gostou desse conteúdo? Compartilhe
Share on facebook
Share on twitter
Share on linkedin
Share on whatsapp

Postagens recentes: