Por Mauro Jakes – CPT Bahia
Duzentas famílias do MST – Movimento de Trabalhadores Sem Terra ocuparam na última terça- feira, 29/04, área no quilômetro 8 do canal construído para irrigar as terras do Projeto de Irrigação Baixio de Irecê. De acordo com a coordenação do Movimento, o número de famílias deverá chegar a 1000 até o final desta semana. “Este acampamento é para reivindicar do governo terra para as famílias acampadas, bem como dar apoio à luta das mais de 500 famílias de 16 comunidades atingidas que estão no entorno do Projeto de Irrigação Baixio de Irecê”, informa o MST. A ocupação acontece exatamente no início da 16ª EXPOAGRI de Irecê, que nesta edição tem como tema “Baixio de Irecê levando esperança para a economia da região”.
As famílias das comunidades atingidas pelo Projeto de Irrigação Baixio de Irecê, em dezembro de 2013 entraram com uma ação no Ministério Público Federal, reivindicando da Justiça Brasileira providencias quanto aos impactos que estão sofrendo e sofrerão posteriormente com o funcionamento do projeto. Uma vez que as terras que foram compradas pela CODEVASF para implantação do projeto já pertenciam às famílias das mais de 15 comunidades e que na década de 1980 foram roubadas (griladas). Desta forma, estas famílias além de terem sofrido a expulsão de suas terras naquele período, no atual contexto não serão incluídas pelo Projeto de Irrigação Baixio de Irecê, bem como não poderão desenvolver a criação de animais e a produção de alimentos que tem garantido sua sustentabilidade.
Mais uma vez se questiona aos órgãos competentes do Estado e da Federação como assegurar a sustentabilidade das mais de 500 famílias, uma vez que suas terras servirão para garantir um desenvolvimento no qual não estão incluídas?
Que desenvolvimento é este que promete riqueza para um pequeno grupo e ao mesmo tempo nega os direitos socioambientais a tantas famílias e comunidades que ali vivem historicamente?
