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CPT BAHIA

Plenarinhos renovam a esperança na luta pela Terra e pela Água na 40ª Romaria em Bom Jesus da Lapa

Os Plenarinhos movimentaram o segundo dia da 40ª Romaria da Terra e das Águas, em Bom Jesus da Lapa – BA, neste sábado (08). Os encontros temáticos aprofundaram questões sobre os biomas brasileiros, a luta e defesa pela terra e território, a transposição do Rio São Francisco, o desastre de Mariana (MG), fé e política, contando com as contribuições dos romeiros e romeiras na partilha de suas experiências de luta e vivências de fé. Confira a seguir os registros desses encontros.

 

Foto: Thomas Bauer/ CPT Bahia.
Foto: Thomas Bauer/ CPT Bahia.

As crianças e o cuidado com a natureza

Mais uma vez, a romaria abriu espaço para os romeiros e as romeiras mirins com o plenarinho “Crianças são convidadas a cuidar da Criação”. Elas tiveram a oportunidade de conhecer os seis biomas brasileiros, especialmente a Caatinga e o Cerrado, biomas da região.

Segundo Alberto dos Santos Farias Filho, coordenador do plenarinho, somos responsáveis e devemos usar os recursos da terra com moderação, com cuidado e decência. “O homem está utilizando a terra de forma desenfreada, onde o único objetivo é lucrar. Enquanto o agronegócio está se expandindo, os pobres ficam cada vez mais pobres”, pontuou.

Além da leitura do livro Gêneses sobre a criação, as crianças assistiram vídeos que trataram sobre a temática dos biomas, como “Os animais salvam o planeta”, “Homem este vídeo não vai te deixar indiferente” e o da Campanha da Fraternidade de 2017.

 

Foto: Thomas Bauer/ CPT Bahia.
Foto: Thomas Bauer/ CPT Bahia.

Fé e Política

Mais de 200 pessoas participaram do plenarinho Fé e Política que tratou do tema “Reconstruir a Esperança a partir dos pobres”. O coordenador do plenarinho, Roberto Malvezzi (Gogó), contou a história dos 40 anos da romaria, e apresentou em resumo geral, o cenário político brasileiro, a crise neoliberal, mas também trouxe algumas transformações positivas realizadas no Nordeste, mas que se seguiu um outro viés diferente da proposta inicial.

Segundo Gogó, esse é um momento de incertezas. “A romaria surge em um momento sombrio, e até hoje permanece a luta do povo do campo, pois o problema não foi resolvido. O desafio é não deixar passar a reforma da previdência. Precisamos ir às ruas defender o projeto do qual a gente acredita. É preciso ocupar as ruas, e o povo ainda não percebeu a necessidade disso”, refletiu.

Para o senhor Regis Silva, romeiro vindo de Jequié (BA), essa conjuntura política nos levou de volta para a era da barbárie. “Voltamos a eras passadas onde tínhamos que trabalhar de 18 a 20 horas para garantir o mínimo de sustentação. Agora vai ser pior, já está faltando comida na mesa do povo, mas a luta não acabou. Eles podem até matar o nosso fruto, mas nunca acabarão com as nossas sementes”, destacou.

 

Foto: Claudio Dourado/ CPT Bahia.
Foto: Claudio Dourado/ CPT Bahia.

“Água é para a vida, não é mercadoria”

“É olhar para um outro rio que não é o nosso, o Rio Doce”, com essa frase, Ruben Siqueira, coordenador do plenarinho “Rio São Francisco: transposição e desastre de Mariana – MG”, deu início a apresentação de informações importantes, com áudios e vídeo sobre esse desastre, e a situação da transposição do Rio São Francisco, que se apresentou como uma obra eleitoreira e não estrutural, refletindo assim o tema “Água é para a vida, não é mercadoria”.

Segundo Dom Geraldo Lyra, Arcebispo da Diocese de Mariana, esse desastre não foi apenas ecológico, foi também um desastre cultural, social e econômico. “Esse não foi um fenômeno da natureza, portanto há culpados. E essas empresas deveriam ser responsabilizadas”, enfatizou.

O Plenarinho também contou com a participação de representantes que moram em regiões de mais de 30 rios da Bahia, que sofre com a crise hídrica causado por mineradoras, o agronegócio e parques eólicos, e que também temem sofrer situação semelhante a de Mariana (MG). Para João Gonçalves, diretor do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Carinhanha (BA), o que ocorreu no Rio Doce, está ocorrendo em todos os nossos rios. “Não estamos distantes dessa situação. Aqui a bacia do Rio São Francisco também está morrendo”, afirmou.

 

Foto: Thomas Bauer/ CPT Bahia.
Foto: Thomas Bauer/ CPT Bahia.

Juventude e Biomas

Mais de 400 jovens animaram o Plenarinho Juventude e Biomas, com o tema “Fazendo memória e celebrando a história das culturas de resistência”. Primeiramente foi realizada a homenagem a Albetânia de Souza, ex-militante Pastoral da Juventude do Meio Popular – PJMP, que atualmente é assessora da Comissão Pastoral da Terra – CPT.

Emocionada, Souza afirmou que essa homenagem não significa um mérito pessoal. “Essa é uma oportunidade de reafirmar o compromisso com a luta e estimular a juventude a se manter firme na caminhada e na construção da romaria que não pode existir sem os jovens”, disse.

O espaço resgatou a importância pela defesa do cerrado e da caatinga, contribuindo com a discussão de Iremar Barbosa, militante da PJMP, que destacou que a romaria e os plenarinhos trazem luz e saída para essa conjuntura. “A juventude é a herdeira principal dessa luta que nós estamos fazendo, pois ela é diretamente atingida pelo projeto do agronegócio, que violenta o povo e o meio ambiente”, completou.

 

Foto: Thomas Bauer/ CPT Bahia.
Foto: Thomas Bauer/ CPT Bahia.

Terra e Território

Este plenarinho teve como tema “40 anos de romaria em defesa da terra, territórios e seus biomas”. A caatinga, mata atlântica e o cerrado foram apresentados e representados por povos tradicionais, como os indígenas, quilombolas e teve a participação dos movimentos sociais como a Coordenação Estadual dos Trabalhadores Acampados e Assentados – CETA e o Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA.

O inspirador foi o padre Tadeu CSsr e o senhor João da Conceição, militante do movimento negro, que faleceu em um acidente na última terça-feira (04), foi homenageado. Durante a discussão, Sueli Tupinambá, indígena da aldeia Serra do Padeiro, no Sul da Bahia, representou um momento de partilha de experiências.

Já Cleiton Andrade, do município de Planalto (BA) partilhou a experiência do reaproveitamento da água junto ao MPA. No final, os participantes assumiram como compromisso: Lutar pela defesa, demarcação e regularização dos territórios indígenas e quilombolas, e os biomas onde estão inseridos.

 

Assessoria de Comunicação da Comissão Pastoral da Terra – CPT Bahia

 

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