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CPT BAHIA

Progresso dos grandes e exploração dos pequenos | Audiência Pública em Lajedinho (BA)

Audiência Pública. Foto: Tiago Aragão/ CPT Bahia.
Audiência Pública. Foto: Tiago Aragão/ CPT Bahia.

Sexta feira, dia 28 de abril, Greve Geral, o Brasil parado, e uma multidão nas ruas gritando FORA TEMER. Enquanto isso, a 376 km de Salvador, uma Audiência Pública apresenta projeto de construção de uma fábrica de cimento com a benção do Ministério Público e a cuia nas mãos dos prefeitos dos municípios de Ibiquera e Lajedinho na Bahia que imploravam pelo progresso devastador.

Foi um momento assustador ver a alegria e a expectativa nos rostos de aproximadamente mil e duzentas pessoas, de um município de mais de três mil habitantes, onde o PIB per capita de pouca mais de quatro milhões de reais por ano. Após uma tragédia onde deixou 17 vítima fatais e inúmeras pessoas desabrigadas no ano de 2013, de Lajedinho foi parar na mídia. De acordo com a Defesa Civil, choveu em 2 horas, cerca de 120 mm. Aproximadamente cerca de 90% do comércio da cidade foi destruído.

Quase quatro anos depois, o mais tenebroso projeto do capital chega e promete melhorias para a comunidade. Uma fábrica de cimento a CPX Brasil Mineração e Participações, com capacidade para 800 mil toneladas anuais, o projeto demandará um investimento que varia entre R$ 400 milhões e R$ 500 milhões. Segundo informações apresentadas na audiência pelos representantes da empresa, essa fábrica será uma das mais modernas do mundo, com tecnologias contemporâneas, bastante eficientes com filtros de alta eficácia, que retêm aproximadamente 99% do pó gerado, baixo consumo de água e energia. Além disso, a fabricação do cimento será através do processo a seco.  Com isso, o impacto ambiental será pequeno, inclusive “nenhuma caverna será afetada” pelo contrário, “preservaremos e fortaleceremos o potencial turístico na região”.

Durante o pico da etapa de construção, estima-se gerar quase dois mil empregos. Agora na fase de operação, serão cerca de 200 empregos diretos e outros 600 indiretos. As comunidades que serão impactadas diretamente são: o povoado da simpatia e o assentamento Santo Antônio. A empresa está prometendo sem barulhos, sem poluição no meio ambiente, sem poeiras e sem violência na região.

O objetivo do projeto será fabricar o cimento, que passará pelo seguinte processo de fabricação: começa com a mineração do calcário, principal matéria-prima do cimento. O material é extraído das minas e armazenado no pátio de pré-homogeneização. Nesta fase, são recolhidas as primeiras amostras para serem analisadas no Laboratório de Qualidade, e assim a composição química do calcário será traçado (teores de cálcio, silício, ferro e alumínio).

Tiago Aragão e Ednaldo Pereira – CPT Bahia/ Ruy Barbosa

 

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