A Comissão Paroquial de Meio Ambiente de Caetité, composta pelas entidades e pastorais sociais de Caetité – Bahia, realizará Debate Público com o tema “Mineração de Urânio: Riscos, Saúde e Ambiente”, no dia 11 de abril, às 9 horas, no Auditório da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, Campus VI. No ato serão apresentados os resultados preliminares da pesquisa participativa de base comunitária sobre problemas de saúde no entorno da mina de urânio, em Caetité, pelo pesquisador titular do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da FIOCRUZ Marcelo Firpo e pelo físico nuclear francês, Bruno Chareyron, diretor de pesquisa da Comissão de Pesquisa e Informação Independente sobre Radioatividade -CRIIRAD, que mantem um laboratório de análises sobre contaminação radioativa, com qualificação técnica certificada pelo Ministério da Saúde da França.
O evento é promovido pela Comissão Paroquial de Meio Ambiente de Caetité, com a colaboração da FIOCRUZ e CRIIRAD, instituição independente, sem fins lucrativos, que defende o direito à informação sobre a questão nuclear, a radioatividade e a proteção contra os riscos de radiação. A pesquisa que começou em Caetité, desde 2012, é uma iniciativa de um dos Grupos de Trabalho do Projeto EJOLT, intitulado Saúde Ambiental e Avaliação de Riscos, desenvolvido sob a responsabilidade da FIOCRUZ. O Projeto EJOLT reúne um consórcio de atores internacionais (cientistas, organizações ativistas, grupos de reflexão) que atuam em diversos campos, como o direito ambiental, saúde ambiental, ecologia política e economia ecológica, buscando intercambiar informações e colaboração entre as partes interessadas que fazem uso das Ciências da Sustentabilidade, em particular sobre os aspectos da Distribuição Ecológica.
A exploração de urânio em Caetité está envolta em polêmicas e controvérsias sobre riscos e impactos à saúde e ao ambiente desde 2000, quando foi iniciada. Acidentes com contaminação ambiental e de trabalhadores estão relatados em relatórios de movimentos sociais e instituições oficiais, como o Ministério Público federal e o IBAMA, sem que informações técnicas sobre as características e os impactos desses acidentes sejam discutidos publicamente. Os órgãos públicos nunca reagiram devidamente às denúncias e pedidos de providencias levados pela sociedade civil. Por isto, através da Rede Brasileira de Justiça Ambiental, nos aproximamos da FIOCRUZ/EJOLT, que avaliando a importância de conhecer melhor o caso de Caetité, aqui realizou em junho de 2012 uma oficina internacional sobre “Justiça Ambiental, Exploração de Urânio e Monitoramento Comunitário de Radioatividade”.