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CPT BAHIA

INICIATIVAS E PERSPECTIVAS DAS MULHERES DA LUTA DA REGIÃO SUL/SUDOESTE DA BAHIA

O mês de março representa a expressão da luta continua das mulheres por direitos a igualdade política, econômica pela liberdade e vida das mulheres. A luta que tem como centro o combate às opressões por isso a necessidade de destruição do patriarcado enquanto estrutura que engendra os laços ideológicos, jurídicos e políticos de organização dessa sociedade onde o homem se torna o centro de poder e privilégios. A Edilene Alves, 38 anos, da equipe da CPT Sul/Sudoeste reafirmar ser importante mobilizar a luta para vida digna, construindo relações de igualdade de gênero entre homens e mulheres “é pauta no processo de resistência e perspectiva das camponesas, que veem ao longo dos anos construindo sua história e conquistando espaços e direitos. Não permitiremos que nos arranquem como vem sendo nos últimos tempos, por isso, mulheres do campo se organizam e mobilizam com cidade e outros movimentos em busca de resistir”.

No Sul e sudoeste da Bahia foram desenvolvidas inúmeras iniciativas pelas mulheres na luta por visibilidade e denúncias em relação à violência contra a mulher. Em Caetité-BA, a frente Popular de Mulheres com a Comissão Pastoral da Terra – CPT, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caetité – STR, a CRESOL, COOTRAF, Caritas Diocesana de Caetité, Consulta Popular, MAM, Levante Popular da Juventude e o MMC desenvolveram inúmeras participações nos rádios para o debate sobre o dia 08 de março e denuncias sobre os casos de violências. Assim, como o desenvolvimento de materiais em áudio visual (áudios e card’s) e carro de som nos territórios minerados informando as comunidades sobre a necessidade do combate a violência e as formas de proteção. Patrícia Fernandes, 35 anos, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caetité, destaca que as atividades são de suma importância nesse momento, enquanto forma de trabalhar um tema tão fundamental como a questão da violência, “uma vez que em nossa região e em todo o território, os índices de violência subiram absurdamente, violência doméstica, estupros e feminicídio, infelizmente, tem alcançado níveis elevados, principalmente, nesse momento de pandemia”.

No dia 19/03 ocorrerá de forma virtual à atividade que trará o debate sobre o tema, envolvendo camponesas, professoras/educadoras, indígenas, militantes de movimentos sociais e assentadas – o debate será aberto para a participação de todos/as.

Em Camacã as mulheres do campo e da cidade, que se reúnem através do Microforum de Luta por Terra, Trabalho e Cidadania se organizam para expor faixas pela cidade com o lema de lutas que defende o combate à fome, a violência e o racismo, da mesma forma pautas da vacinação e do auxílio emergencial apareceram com centralidade.

Em Ilhéus, as principais denuncias realizadas pela Frente Feminista de Ilhéus através da colagem de lambes foram por direito ao trabalho digno, especialmente para mulheres negras que sofrem com os maiores índices de desemprego na região, também por uma DEAM fortalecida e acolhedora, por mais creches públicas e pelo cuidado integral da saúde da mulher, além da luta pela vacinação universal e pela continuidade do auxílio emergencial.

No município de Cordeiros, as principais atividades estão em torno do Clube de Mães que há 33 anos é um espaço de acolhimento das mulheres, debate e organização em proteção contra a violência as mulheres. Para Mildaiza Soares Figueiredo, 58 anos, uma das coordenadoras do projeto, “o Clube de Mães” cumpre o papel porque contribui na organização dos Movimentos Sociais e Comunitários. Desenvolve práticas de defesa, preservação e conservação do Meio Ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável. Algumas formações e oficinas serão realizadas online, além da participação nas atividades da semana da mulher na rádio Candeal FM, falando sobre “Os desafios da equidade feminina no trabalho, reflexão sobre o tema da CFE.”

Para Camila Mudrek, 31 anos, da Consulta Popular e Movimento pela Soberania Popular na Mineração, as atividades cumpriram o papel de denúncia e de fortalecimento da organização. “Desta forma, fica evidente o ataque sofrido pelas mulheres diante de um projeto de governo que nos impõe a defesa integral da vida, em nossos lemas essa é a palavra que surge com mais força, pois sabemos que é cada vez mais necessária a nossa organização para uma transformação da sociedade.”, conclui.

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