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CPT BAHIA

ENCONTRO VIRTUAL COM O TEMA: REALIDADES JUVENIS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

Na tarde do último sábado (24), a Comissão Pastoral da Terra, Centro Norte da Diocese de Bonfim-BA promoveu um encontro on-line, com 15 jovens representantes de diversas organizações juvenis da região, a fim de debater sobre o tema Realidades Juvenis: Desafios e Perspectivas. Durante o evento, a agente CPT-BA CN Diocese de Bonfim Daniela Moraes apresentou uma proposta inicial de temas importantes para a produção de subsídios tendo em vista um processo formativo com as juventudes. Em seguida, os e as participantes apontaram uma série de elementos que permeiam as realidades das juventudes e que precisam ser debatidos pelas juventudes e por toda a sociedade.

Neste sentido, o jovem Raí Macedo, estudante de história da UNEB e militante da União da Juventude Rebelião de Jacobina – Bahia levantou o grito das juventudes sem emprego, na informalidade ou em condições de trabalho precário; a problemática da educação que assim como outras políticas sociais fundamentais, estão a sofrer cada vez mais cortes orçamentários por esse governo, num contexto de agravamento da fome que atinge também as juventudes. Raí fala da importância de fortalecer as organizações apontando algumas das nossas tarefas nesse contexto, “um país que não está oferecendo perspectiva nenhuma de crescimento, de avanço, para a juventude, se não tem trabalho, não tem educação, não tem emprego, ciência, a tendência é que a juventude entre em caminhos que vão tirar a sua vida […] os desafios que a gente encontra, que são tarefas da juventude é, 1º derrubar esse governo que tá aí. Depois ajudar na construção do Poder Popular do país”. 

Entre os principais desafios, foi apontado que a pandemia intensificou o contexto de desigualdades gerando maior empobrecimento das juventudes, com o agravamento das condições de saúde mental na população jovem, dificuldades no campo da educação, com aumento da evasão escolar e da migração em busca de trabalho. Com a falta de perspectivas e políticas públicas para os/as jovens, no campo, as meninas estão casando e tendo filhos precocemente. Verifica-se também o aumento das drogas, das violências e do extermínio dos jovens, é preciso olhar não só para o campo, mas também para a cidade onde até mesmo nos lugares pequenos, “toda semana um jovem cai na bala”.

A fala da quilombola, Josiane Santana, aponta para a necessidade de romper com a lógica desenvolvimentista e com as ideias colonizadoras de que “o campo é o lugar do atraso”, mas construir a partir dos potenciais do lugar e de seu povo, alternativas de sustentabilidade que garantam a vida nas comunidades. Josiane fala também da situação da juventude que se encontra sem oportunidades, “tá todo mundo perdido, é muita coisa ruim acontecendo nos últimos tempos, estamos com a saúde mental abalada e precisamos fortalecer correntes onde todos dão as mãos. O principal desafio é segurar os jovens na comunidade. Existe um tabu de que quem continua na comunidade é quem não estudou e quem não deu certo na vida e por isso permanece no campo. Pessoas que vem de fora com a ideia do desenvolvimento, o conto de fadas que a gente sabe que não existe, mas ilude com a ideia do dinheiro e vai introduzindo outras culturas na comunidade. Na minha comunidade tem um projeto de turismo comunitário que vem dando certo. É preciso buscar alternativa para a permanência dos jovens na comunidade a partir do que tem no campo”, conclui.  

Neste aspecto, o Papa Francisco chama os jovens para construir pontes de caminhos através da “Economia de Francisco e Clara”. Indica um caminho a partir do cuidado com a Casa Comum e com a construção do viver bem no retorno a terra, cuidando dela, da prática da agroecologia e optando por uma economia de pouca escala, a serviço da vida e não do capital.

Muitas saídas tem sido apontadas pelas juventudes que seguem organizadas em diversos meios e com inúmeras iniciativas que apontam a esperança viva que rompe os tempos cinzentos e faz surgir o novo:  as juventudes tem vivenciado a experiência das ruas, sendo os principais atores de luta e enfrentamento a essa política do atual desgoverno; os e as jovens estão se encontrando nas comunidades, a partir de grupos pequenos; as Juventudes estão organizadas nas Escolas Famílias Agrícolas, em diversos grupos da(s) igreja(s), nos sindicatos rurais que tem secretarias de juventude, no futebol e em diversos outros espaços a exemplo dos Grupos de Produção e Resistência organizado por jovens em diversas comunidades.

Por: CPT-BA CN Diocese de Bonfim

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