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CPT BAHIA

O PARAQUEDAS COLORIDO DO PAI INÁCIO

Foto: Ginno Perez

As notícias que estão sendo divulgadas esta semana sobre a Chapada da Diamantina são preocupantes, no entanto, é necessário ter serenidade para compreender e saber colocar-se diante de tais conflitos até para preservar saúde mental de todos nós.

Estamos vivendo uma reconfiguração do capital no mundo e a Chapada da Diamantina ainda é uma fronteira importante para esse modelo agromineroexportador pelo seu potencial hídrico, de minérios e ventos.

Foto: Ginno Perez

Entender o papel do Estado com sua infraestrutura é o primeiro passo, mas compreender também, as resistências que têm muito a nos ensinar, por exemplo, as comunidades tradicionais e indígenas que conseguiram resistir e sobreviver às guerras nesse solo sagrado. Tendo em conta essas resistências, trago aqui algumas cosmovisões indígenas que ajudam a fortalecer os territórios e se colocar nas trincheiras da luta (ensinamentos ancestrais indígenas):

– Os ventos são sagrados, divinos, eles que ajudam as folhas a caírem e darem espaço para a renovação das plantas. Os ventos que nos mostram a direção das chuvas. Se não fosse os ventos para derrubarem as folhas secas teríamos muitas plantas doentes;

– As serras são nossas paredes de proteção. É o espaço comum entre as pessoas, os animais e o sobrenatural. São moradias de muitos animais e bichos que gostam desses locais mais altos como as grutas que lhes dão abrigo. O que seria dos morcegos, das andorinhas sem as serras? As Serras são moradas dos morcegos e eles têm seu papel importantíssimo no meio ambiente.

– As águas são a base para a vida. Só temos águas devido às serras e dos ventos. Não consigo imaginar nosso povo vivendo na escassez desses elementos sagrados.

Como diz Ailton Krenak “vamos aproveitar toda a nossa capacidade crítica e criativa para construir paraquedas coloridos. Vamos pensar no espaço não como um lugar confinado, mas como o cosmos onde a gente pode despencar em paraquedas coloridos” (Ideias para adiar o fim do mundo, 2019).

Por: Claudio Dourado de Oliveira, antropólogo e agente da Comissão Pastoral da Terra

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