Na madrugada de quinta-feira (14), por volta das 4h da manhã, moradores da comunidade do Fecho de Pasto do Destocado, em Santa Maria da Vitória, acordaram com suas casas sendo invadidas por um grupo de 10 homens encapuzados, de acordo com os relatos dos moradores da comunidade, eles eram liderados supostamente por Plauto Sanches Filho (Plautinho), portando armas pesadas agrediram os moradores com empurrões e sob mira das armas na cabeça expulsaram-nos de suas casas, ateando fogo nas moradias.
Dona Josefina (66 anos) contou o horror deste momento “eu acordei com eles entrando na minha casa, botou a arma na minha cabeça e me deu um empurrão, daí eles pegaram gasolina e começaram jogar na casa, tudo estava pegando fogo e eu fui tentar salvar o meu irmão que estava dormindo, ele é surdo e cego, conseguir tirar ele do quarto com a cama já pegando fogo, foi um desespero muito grande, meu marido Antenor (70 anos) que conseguiu me puxar das mãos dos pistoleiros, tentei filmar com o celular mas eles tomaram e queimaram”.
O irmão de dona Josefina chama-se Antônio (70 anos). Além destes, também estavam nas casas e sofreram agressão, o Aildo (40 anos), Joaquim (56 anos) e Martin (82 anos). Dona Josefina ainda informou que “quando eles iam saindo, um deles voltou e disse “todo dia a gente vai tá aqui na área e o dia que nós pegar vocês aqui de novo, vamos amarrar, deixar amarrado e não vai ser só isto não”.
Foram queimadas duas casas, contendo: garagens, depósitos de mantimentos e instrumentos de trabalho, área de alimentação e todo o imobiliário: camas, colchões, fogões, roupas, celulares e objetos de uso pessoais. Uma das casas é uso coletivo de 05 famílias e a outra pertencia ao Sr. José de Oliveira que afirmou “acabou tudo, não ficou nada”. Além das casas, os moradores destacaram que desapareceram bolas de arame, celas e cabeçadas.
Durante o dia 14 de julho, os moradores estiveram na delegacia de Santa Maria da Vitória para o registro do Boletim de Ocorrências de n. 00396877/2022-A01 e oitivas. A preocupação deles é que os familiares ligaram informando que tem um grupo rondando e atirando na área durante todo o dia, impedindo que as famílias se aproximem de suas residências. E seus animais de estimação estão passando fome e sede, pois eles estão sem conseguir voltar para suas casas e cuidar do que sobrou e fazer o levantamento dos prejuízos após esse ato de extrema violência e covardia.
Ressalta, ainda, que os fatos já são de conhecimento do Ministério Público, pois na mesma data que fizeram o Boletim de Ocorrência, dia 15 de julho de 2022, os moradores estiveram também na Promotoria local e prestaram declarações sobre as violências sofridas.
Entenda o caso
Segundo a comunidade este grupo truculento é liderado supostamente por Plautinho que já esteve na comunidade e ameaçou os moradores, no dia 09 de junho deste ano, dizendo que se eles não saíssem das propriedades e retirassem o gado da área que eles voltariam para atear fogo. No dia 10 de junho os moradores fizeram boletim de ocorrência de n. 00328255/2022-A01 deste fato no entanto, não foi tomada as devidas providências e um mês depois o grupo cumpriu as ameaças.
O Fecho de Pasto do Destocado de uso coletivo da terra pela tradicionalidade de mais de cinco gerações de famílias, sofre conflito fundiário de grilagem de suas terras há várias décadas e se agravou a partir de 2016 com as investidas do Plauto e atualmente, a comunidade continua recebendo ameaças da mesma família.
Diante da gravidade da violência sofrida pelos moradores do Destocado, há urgência de encaminhamentos que garanta segurança dos moradores na área, celeridade nas investigações e punição dos culpados e resolução do conflito fundiário.
Por: Comissão Pastoral da Terra Centro Oeste da Bahia