Ocorreu na sexta feira, 12 de agosto, o Seminário de debate entre as comunidades quilombolas de Caetité, com o objetivo de fortalecer a unidade e organização das comunidades quilombolas a partir de uma compreensão comum da realidade e construção de acordos comuns de luta, formação e organização.
O seminário contou com a presença de 14 comunidades quilombolas e 50 lideranças locais que estão na construção da atividade juntamente com o Conselho Quilombola de Caetité, Caritas Diocesana de Caetité, Comissão Pastoral da Terra, Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caetité, Movimento de Mulheres Camponesas.
O Seminário teve como momento inicial uma análise de Conjuntura da situação política e econômica. Segundo Simone de Jesus, Militante do MAM e da Consulta Popular, o que está em curso é uma profunda crise do modo de produção capitalista, que encontra como saída a necessidade de construção de governos autoritários que possam impor à força um projeto de retrocesso ao povo. Destaca ainda que a Pandemia aprofundou e expôs ainda mais as desigualdades sociais, situação que vem impactando a vida das mulheres.
“A Pandemia escancarou as desigualdades sociais, especialmente em relação as mulheres pretas da classe trabalhadora. É falso que estamos no mesmo barco. Estamos na mesma tempestade, mas os ricos possuem todas as condições estruturais incomparável com os trabalhadores que estão sendo aniquilados com a política fascista de Bolsonaro”.
Luiz Alberto, militante do MNU e ex-deputado federal, abordou sobre os desafios das comunidades quilombolas diante um governo neofascista e os retrocessos que foram desdobrados desde o golpe de 2016 contra as comunidades quilombolas. Luiz destaca a necessidade de avançarmos na luta e organização popular para eleger Lula e sustentar um governo popular, assim como destacou:
“Não devemos ter vergonha do que somos. Devemos afirmar o que somos. E fortalecer a representação do nosso povo nos espaços de poder. E para isso, precisamos trazer a juventude para esses debates e formar uma geração que irá dar dinâmica à luta popular e ocupar esses espaços de poder”.
Na parte da tarde o debate se deteve na leitura sobre os desafios das comunidades quilombolas de Caetité. Gilmar Ferreira, agente da CPT-BA, destacou que ao longo dos últimos 20 dias foi desenvolvido um trabalho de levantamento socioeconômico nas 14 comunidades quilombolas, sendo que o levantamento explicitou a situação de abandono em relação às políticas públicas para as comunidades Quilombolas, com destaque para a saúde, educação, demarcação dos territórios, água e produção.
Segundo Gilmar, “das 14 comunidades, apenas uma possui PSF no território, e com extremas debilidades estruturais. Situação semelhante se encontra a educação, pois apenas uma comunidade possui escola Quilombola, forçando os jovens e crianças a se deslocar em horários extremamente desfavoráveis por uma distância muito longa”.
As comunidades enfatizaram a necessidade de o Estado garantir a conclusão dos processos de demarcação dos territórios e fortalecer projetos de desenvolvimento e geração de trabalho para as comunidades que possa beneficiar as mulheres e juventude em especial.
O encontro se encerrou com muita mística e animação por parte das comunidades, reforçando o compromisso com a unidade e a luta para avançar nos direitos e políticas públicas necessária. Por fim, encaminhou-se a organização das comunidades para a audiência pública com o ministério público em 22 de agosto na comunidade de Lagoa do Mato em Caetité para apresentação de denúncias de violações de direitos e proposições de melhorias das condições de vida do povo quilombola.