Na primeira semana de agosto, período da grande Festa do Bom Jesus na cidade de Bom Jesus da Lapa (BA), 52 famílias de agricultores/as da comunidade de Lagoa Dourada sofreram uma ação violenta de despejo. Um grupo de segurança privada, fortemente armado, destruiu 21 moradias, roças, 21 quilômetros de cerca e continua impedindo as famílias camponesas de entrarem na área.
A violência contra as famílias começou no dia 31 de julho, com a derrubada de cercas e impedimento dos/as trabalhadores de cuidarem de seus animais. Na sequência, os criminosos avançaram com a destruição das moradias e a manutenção do grupo de segurança armado na comunidade, para impedir o acesso à área por parte dos moradores. Segundo as famílias ocupantes, esta investida contra comunidade foi a mando de uma empresa de Minas Gerais que se identifica como Sama Santa Marta Siderurgia LTDA e teve como base uma Ação de Interdito Proibitório sob nº 8000525-75.2022.8.05.0027 contra a Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Fazenda Lagoa Dourada. No entanto, de acordo com um integrante da associação, o despejo foi arbitrário, visto que, não há informação de decisão judicial de ação de despejo.
As 52 famílias de Lagoa Dourada, situada há 24 km da sede do município de Bom Jesus da Lapa na margem da BA 160, viviam pacificamente no local há 13 anos, onde possuíam suas moradias, roças, pastos, criavam animais domésticos e gado enquanto estavam à espera da desapropriação por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Ágrária (Incra), através do processo SEI número: 54160.005084.2010-44.
As famílias estão profundamente impactadas pela destruição de suas benfeitorias, resultado de 13 anos de trabalho, e sofrem pela angústia por não terem acesso a área para cuidar dos seus animais e retomarem suas vidas. Os/as trabalhadores/as esperam uma imediata resolução do conflito por parte dos órgãos competentes.
Texto e fotos: CPT Centro-Oeste/BA