Com o objetivo de preservar as nascentes do Rio Pardo e seus afluentes, ações de plantios de mudas nativas da Mata Atlântica têm sido desenvolvidas em cidades do sudoeste do estado.
Helenna Castro – CPT Sul-Sudoeste
Desde o início dos anos 2000, o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS), a Comissão Pastoral da Terra sub-regional Sul-Sudoeste e movimentos sociais vem travando luta contra grandes empreendimentos minerários e monocultivos, principalmente de eucalipto, que causam conflitos relacionados à falta de água nas comunidades acompanhadas pelas organizações na região de Vitória da Conquista e cidades circunvizinhas, como Encruzilhada, Ribeirão do Largo, Cândido Sales e outras.
Devido aos impactos ambientais causados por esses empreendimentos e monocultivos, as comunidades se veem com dificuldade de obter água para consumo e plantio de alimentos, que servem tanto para alimentação própria quanto para serem comercializados. Desse modo, a qualidade de vida das pessoas vem sendo atacada intensamente.
Para proteger o Rio Pardo, suas nascentes e afluentes, surge a Articulação da Bacia do Rio Pardo, composta pela CPT, pelo CEAS e por outras organizações sociais dos estados de BA e MG. Com o intuito de dar respaldo às comunidades que vem sofrendo com a escassez de água, a articulação vem desenvolvendo um projeto de cercamento das nascentes do rio através do plantio de árvores nativas da Mata Atlântica.
No último fim de semana, integrantes da articulação e moradores da região, plantaram cerca de 25 mudas em Rio do Curral, no município de Ribeirão do Largo. Jovens da comunidade já produziram 70 mudas e buscam outros locais para seguir plantando.
“Se a gente conseguir isso com outras nascentes mais, a gente vai conseguir aumentar o fluxo de água que corre nos rios, não só no rio Pardo” afirma a agente pastoral Edilene Alves, que esteva presente durante o plantio em Rio do Curral e em outras localidades. “Porque plantando, como a gente plantou as mudas em área de brejo e nascente, automaticamente ela vai começar a minar mais água”, explica.
Segundo Edilene, “com o cercamento dessas nascentes, a gente também vai estar fortalecendo a luta dos camponeses e camponesas que vivem à beira do rio, para que eles permaneçam buscando a proteção das nascentes. E não só das nascentes, mas que eles se organizem, se articulem contra o mineroduto que vai passar na região, contra o monocultivo de eucalipto, enfim”.
O Rio Pardo, que nasce em Rio Pardo de Minas-MG e tem foz em Canavieiras, no sul da Bahia, já foi muito caudaloso, mas hoje está em risco devido a esses ataques que vem sofrendo. Mais ações de proteção como essa e outras já vem sendo idealizadas pela articulação em conjunto com as comunidades impactadas pela escassez de água nas margens do rio.
Rio Pardo Vivo e Corrente!