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CPT BAHIA

Movimento CETA celebra 30 anos de luta com plenária estadual em Salvador

Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) e Comissão Pastoral da Terra (CPT) sub-regional Sul-Sudoeste

Foi realizada entre os dias 25 e 26 de março a IX Plenária do Movimento dos Trabalhadores Acampados, Assentados e Quilombolas da Bahia (CETA), no Instituto Anísio Teixeira (IAT), em Salvador-BA. Celebrando 30 anos do movimento, o encontro contou com a presença de mais de 150 pessoas de diversas regiões do estado e teve como objetivo reunir a militância para aprofundar a análise de conjuntura da organização, fortalecer a formação política e reorganizar o movimento para os desafios do próximo período. 

Mesa de abertura.

A mesa de abertura do encontro contou com a presença de lideranças do movimento, membros de organizações populares, representações do governo e parlamentares, entre eles: Marcelino Galo, do Partido dos Trabalhadores (PT); Ruben Siqueira, da Comissão Pastoral da Terra (CPT); Maicon Leopoldino, do Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) e Edvagno Rios, do Movimento de Pequenos Agricultores (MPA).

“Nos reunimos hoje para comemorar, planejar e debater sobre os caminhos de 30 anos de luta do movimento CETA. São mulheres, homens, crianças e jovens que sonham com uma sociedade justa, fraterna, solidária e rebelde, que juntam suas experiências de conquistas e derrotas ao longo deste tempo e traçam caminhos na retomada da luta pela terra, pela educação, moradia, regularização e reconhecimentos de povos e comunidades tradicionais”, destaca Clodoaldo Oliveira, mais conhecido como Neto, que é militante do CETA e morador do assentamento Dois Riachões, em Ibirapitanga, sul do estado.

Em seguida, foi realizada uma análise de conjuntura por Joaci Cunha, assessor do CEAS, que enfatizou a importância da organização popular para enfrentar os desafios advindos do avanço do agronegócio e do capital internacional no campo. Durante o debate, já no período da tarde, os militantes do CETA tiraram dúvidas sobre os próximos passos para a reorganização do movimento, ressaltaram a importância da mobilização social para conquistas de direitos e políticas públicas e trouxeram a memória de Antônio Anacleto, mais conhecido como Tonhão, valoroso companheiro do movimento que faleceu recentemente.

Joaci Cunha, do CEAS realiza análise de conjuntura.

Teoria e prática para avançar na luta

Na busca por ampliar a formação política e a troca de experiências entre os trabalhadores e trabalhadoras, a Plenária também contou com diversas oficinas teóricas e práticas para debater com mais profundidade questões centrais para a organização do movimento. “Juventude e Comunicação Popular”, “Masculinidade”, “Certificação Orgânica” e “Grandes Projetos e Empreendimentos de Morte” foram alguns dos temas debatidos, tendo como facilitadores(as) militantes do próprio CETA e organizações parceiras. 

A luta das mulheres do campo também foi destaque da programação. Na oficina “Gênero: as experiências das mulheres na formação política e de geração de renda a partir das agroecologia”, as companheiras puderam debater o protagonismo das mulheres na transição agroecológica dos territórios e os desafios para avançar nessa construção em todo o estado.

Oficina “Gênero: as experiências das mulheres na formação política e de geração de renda a partir das agroecologia”
Teresa Santiago, militante do CETA e agricultora no Assentamento Dois Riachões.

“Dentro do projeto político do movimento, as mulheres apontaram que é importante construir uma proposta de acompanhamento técnico agroecológico e que a gente possa fazer a implementação desse processo em todas as regionais, entendendo que em todo o estado temos agrônomos e agrônomas, técnicos e técnicas formados pelo Pronera e que tiveram a agroecologia como base da sua formação”, destaca Teresa Santiago, militante do CETA e agricultora no Assentamento Dois Riachões.

Clodoaldo Oliveira, militante do CETA e morador do assentamento Dois Riachões.

A programação da plenária também contou com debates sobre acesso a políticas públicas do Estado e a sustentabilidade do Movimento CETA. Por fim, a plenária elegeu a nova coordenação do movimento, que terá o papel de colocar em prática os apontamentos discutidos nos dois dias de encontro.

Para Neto, o balanço do encontro foi muito positivo: “Discutimos as reflexões conjunturais e quais os aspectos centrais da retomada de um movimento, de um povo que anseia por justiça social. Nestes dois dias de trabalhos, erguemos nossas falas, foices, enxadas, canetas e cadernos para sermos protagonistas da nossa própria história”, finaliza.

Militantes reunidos no auditório do IAT.

CETA: Nossa luta é JUSTA e CERTA!

Fotos: Comunicação do CETA.

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