Nos dias 05 e 06 de junho, no Quilombo Jatobá, município de Muquém de São Francisco, Oeste baiano aconteceu, uma oficina de produção de pães, biscoitos e bolos. Essa atividade foi a realização de um desejo das próprias quilombolas, com o objetivo de melhor, aproveitar as diversas variedades de frutos nativos existentes no quilombo.
A execução da oficina foi uma parceria entre a Associação da comunidade, a CPT Centro Oeste da Bahia, núcleo de diocese da Barra e a Fundação de Desenvolvimento Integrado do São Francisco (FUNDIFRAN), por meio do projeto Bahia sem Fome, projeto esse, executado pela última instituição.
Desde 2024 a CPT tem acompanhado a organização do grupo de mulheres do quilombo, e a oficina parte de um desejo das mulheres em conhecer o funcionamento de uma cozinha comunitária, pois sentem a necessidade de se organizarem e produzir em seu território aproveitando os recursos naturais, nativos e/ou produzidos na comunidade.
A oficina foi mediada por Isabel de Jesus Souza, assessora pedagógica em projetos da FUNDIFRAN, que apresentou para as mulheres diversas formas de beneficiar o jatobá fruto que é presente na comunidade – que dada a abundância dessa planta, dá nome ao quilombo.
Como parte introdutória dos trabalhos, a mediadora apresentou às mulheres a temática da soberania alimentar e segurança alimentar questionando e refletindo com elas, se elas têm esses direitos assegurados. Isabel, proporcionou às mulheres vivenciarem nos dois dias de oficina a teoria e a prática, da produção e como iniciar o projeto de criar uma cozinha comunitária.
No primeiro dia, na parte da manhã, as mulheres aprenderam o que é ter segurança e soberania alimentar, como higienizar o espaço de produção, os cuidados com os alimentos que serão manuseados etc. Na parte da tarde foi o momento de colocar a mão na massa, produzir biscoitos de jatobá.
Já no segundo dia foi a vez de produzir diversos tipos de pães integrais, pães de batata doce, de mandioca, de buriti e de cenoura com uma farinha de semente de abobora e gergelim. Além disso, as mulheres também produziram, bolo de jatobá, suco de mandioca com maracujá e biscoito de jenipapo, dentre outros.
Espera-se que a oficina contribua para o fortalecimento organizativo e produtivo da comunidade e seja mais uma fonte de renda para os/as quilombolas e suas famílias, garantindo, segurança e soberania alimentar, e, em consequência, melhor qualidade de vida, em especial melhorando a saúde individual e coletiva, por meio do consumo de alimentos saudáveis. Neste sentido, parafraseando Hipócrates, nas considerações finais da atividade, Isabel expressou a famosa frase do citado autor “que seu remédio seja seu alimento e que seu alimento seja seu remédio”.
Como comprovação de participação na atividade e incentivo à continuidade do processo, as mulheres receberam certificados e, ao final, apresentaram os produtos, resultados da oficina às pessoas da comunidade que puderam degustar os alimentos.
O quilombo Jatobá é uma comunidade tradicional que lutou por quase 30 anos, e em 2023 recebeu a imissão na posse do território e mantém seu processo organizativo para conquistar direitos de se manter e permanecer em seu território. A oficina acima descrita, é continuidade da luta das famílias que por tantos anos lutaram pelo território e agora lutam por dignidade no território.
CPT Centro Oeste da Bahia, núcleo da diocese de Barra.
