Por João Marques – CPT Juazeiro
Foram mais de 10 anos de luta até conseguir um pedaço de terra e assim plantar, colher e viver dignamente. Agora, com a terra conquistada, cerca de 500 famílias assentadas da região de Ruy Barbosa buscam direitos complementares. Entre eles estão a licença ambiental e a divisão dos lotes, para que possam acessar créditos agrícolas e potencializar sua produção.
Preocupados com a sustentabilidade ambiental numa região onde a agricultura irrigada tradicional predomina, os assentados e assentadas de municípios como Wagner, Boa Vista do Tupim, desejam produzir alimentos de forma sustentável seguindo os princípios da agroecologia. No entanto, esbarram na falta de incentivo e burocracia do Estado.
Há casos de novos cadastrados que têm interesse em receber um lote nos assentamentos da região e que esperam há mais de dois anos o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) cumprir o processo legal necessário.
Por outro lado, quando o Estado chega aos assentamentos, leva uma assistência técnica atrasada com forte uso de venenos agrícolas. E as mesmas políticas de desenvolvimento adotadas por órgãos estatais ameaçam os/as camponesas/as. As pesquisas em mineração e a construção de barragens para suprir a demanda por água do agronegócio são alguns exemplos.
Porém, as famílias resistem e conseguem cultivar alimentos sem agrotóxicos. Como D. Josina, do assentamento Mão Terra. “Nós plantamos mandioca, feijão, melancia sem veneno nenhum, cultivamos com produtos naturais”, explica.