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Funcionários brasileiros alertam que índios isolados enfrentam uma “tragédia” e a “morte” iminentes, após o aumento dramático no número de momentos em que foram vistos na floresta amazônica, perto da fronteira com o Peru. Especialistas acreditam que os índios fugiram do Peru em uma tentativa de escapar ondas de madeireiros ilegais que estão invadindo seu território. Agora, eles estão entrando no território de outros grupos de indígenas isolados que já vivem no lado brasileiro – e algumas comunidades contatadas.
Índios Ashaninka do Estado de Acre, por exemplo, dizem que, recentemente, encontraram dezenas de índios isolados perto de sua comunidade, e investigações recentes do governo têm revelado a identificação mais frequentes de pegadas, acampamentos temporários e restos de comida deixados pelos índios.
Esses incidentes estão aumentando os temores de violentos confrontos entre os diversos grupos, e dizimação por doenças contagiosas às quais os índios isolados não têm imunidade.
José Carlos Meirelles, que monitora a região para a Funai (Fundação Nacional do Índio), há mais de 20 anos, afirma: “Alguma coisa grave deve ter acontecido. Não é normal um grupo desse tamanho de índios isolados se aproximar dessa forma. É uma situação nova e preocupante e, atualmente, não sabemos o que causou isso.”
Os índios foram vistos na mesma região onde índios isolados foram notoriamente fotografados e filmados de um sobrevôo, há quatro anos. Mas a área carece de proteção desde que uma base do governo foi abandonada, após ter sido invadida por traficantes de drogas e madeireiros ilegais em 2011.
Os índios isolados são um dos grupos mais vulneráveis do planeta. Apesar de parecerem saudáveis, eles não têm imunidade a doenças comuns, como a gripe e o sarampo, que dizimou tribos inteiras no passado.
A Funai investigou os relatórios alarmantes dos Ashaninka há duas semanas. Advertiu que os índios isolados “estão na iminência de um contato” e exigiu que equipes de saúde sejam enviadas para a área urgentemente, “há risco de contágio por doenças ainda não imunes, podendo levar à morte de todos.”
Raoni Metuktire, um líder indígena da Amazônia, que liderou a luta pela terra da tribo Kayapó e contra a destruição da Amazônia, disse durante sua recente visita à Europa: “Onde podem ir os índios isolados? Sem suas terras protegidas, eles vão morrer”.
A organização Survival International, movimento global pelos direitos dos povos indígenas, está instando que os governos do Brasil e Peru protejam todas as terras habitadas por índios isoladas e honrem sua promessa de melhorar a coordenação transfronteiriça para salvaguardar seu bem estar.
O diretor da Survival, Stephen Corry, afirma: “As fronteiras internacionais não existem para tribos isoladas, então o Peru e o Brasil devem trabalhar juntos para evitarem que vidas sejam perdidas. Ao longo da história, povos isolados foram destruídos quando a sua terra foi invadida, e por isso é vital que o território desses índios seja devidamente protegido. Ambos os governos devem agir agora para que seus cidadãos isolados possam sobreviver”.