Jovens e lideranças das comunidades de Brejo Grande, Limoeiro e Santo Antônio Limoeiro, município de Campo Formoso – BA, que participam das oficinas de Antropologia Visual promovidas pela CPT em parceria com o professor Cixto Bandeira da UNIVASF, reuniram-se neste mês de julho para socializar informações sobre a realidade local e fazer uma avaliação da participação dos jovens nas questões que dizem respeito à comunidade.
No início da reunião, os participantes citaram o desmoronamento de barrancos da serra por conta da chuva, mas observaram que a terra que cedeu foi de uma área já explorada pela mineração.
Outro assunto bastante debatido, diz respeito a situação das famílias que vivem nas comunidades do entorno da mina, as quais perderam suas terras para as empresas mineradoras, como o Limoeiro, que atualmente, encontra dificuldade até mesmo para ampliar o seu cemitério local. Essa situação fundiária provoca a mobilidade de grande parcela dos jovens que migram para outras regiões em busca de trabalho. De igual modo alguns agricultores que trabalham nas terras concentradas pela FERBASA, sofrem humilhações.
Um exemplo é o caso do Sr. Antônio Elias, morador do Limoeiro. Durante 23 anos ele trabalhou como agricultor, numa propriedade da FERBASA, há mais de um ano, a empresa solicitou a área alegando que a liberaria para a construção de uma Casa de Mel.
A fim de garantir a terra de trabalho, o sr. Antônio entrou com um processo no judiciário mas perdeu na primeira instância. Além da plantação de capim, o agricultor tinha na área duas aguadas feitas por ele, um curral de madeira, uma cerca erguida com 12 bolas de arame e uma casa (3×3) onde guardava suas ferramentas. No início do mês de junho a FERBASA entrou na área com um trator, abriu uma estrada, derrubou a casa e o curral sem pagar nenhuma indenização pelas benfeitorias feitas pelo trabalhador.
Os jovens, que estão participando das oficinas de Antropologia visual, estão empenhados na realização dos ensaios fotográficos e na elaboração de um vídeo sobre o modo como a juventude está se relacionando na sociedade, tarefas assumidas como compromisso das oficinas.
Na avaliação da comunidade e dos próprios jovens do Limoeiro, os resultados tem sido positivos, pois, passaram a conversar entre si sobre os problemas da comunidade e estão enxergando a realidade de forma mais crítica, de modo a perceber os impactos causados pela mineração à comunidade.
“Estão fazendo fotografias, visitando os locais impactados pela FERBASA, observando o que acontece e vendo a realidade com outro olhar. Acho que isso é muito bom”, afirma Jaid, morador do Limoeiro.
Como encaminhamentos, ficaram agendados encontros de formação com os(as) jovens do Limoeiro para discutir diferentes temas de interesse dos mesmos e uma reunião com o grupo, onde deverão dividir tarefas e conversar sobre os compromissos assumidos nas oficinas de fotografia/antropologia visual.