Aproximadamente 1.200 famílias de 12 comunidades dos municípios de Mirangaba e Pindobaçu-BA estão sofrendo processos de grilagem de suas áreas de uso comum, onde criam gado, bode e praticam o cultivo da agricultura de sequeiro, devido a chegada da energia eólica na região.
As comunidades tradicionais de Várzea Queimada, Umbiguda, Paranazinho, Campo do Meio, Sambaiba, Chimbanca, Mangabeira, Riacho, Laje da Cruz, Boca do Mato, Corredorzinho e Jatobá se identificam como criadores(as) e vaqueiros e há mais de 200 anos usam coletivamente a terra no sistema de fundo de pasto, criando os seus animais a solta. Além destas comunidades, nos períodos de estiagem, as áreas coletivas servem de abrigo também aos animais de criadores dos municípios de Jacobina e de Mirangaba.
Segundo moradores, no início a área à solta era superior a oito mil tarefas, que aos poucos foram sendo fragmentadas pelos próprios agricultores do local para fazer pequenas roças de subsistência, mas mantendo-a sempre como coletiva do criatório.
As famílias viviam tranquilas em seu território até a chegada dos empreendimentos da energia eólica na região através da Empresa Casa dos Ventos. Para os moradores a documentação das terras foi falsificada, além de legitimar a grilagem de terras, há dois meses, a Casa dos Ventos cercou mais de 90% da área de fundo de pasto, violando os direitos de várias comunidades tradicionais, que dependem dessas terras soltas para sobreviver e manter o seu modo de vida.
Hoje a área coletiva é de aproximadamente 200 tarefas assegurada devido a iniciativa de cercarem esta área, o que impediu que a Casa dos Ventos avançasse sobre todo o fundo de pasto.
“As nossas terras foram e estão sendo roubadas por grileiros e pela energia eólica” afirma um morador da comunidade de Umbiguda.
Mais uma vez o capital age contra o(a) camponês(a), espoliado pela ganância de pessoas e empresas que servem e são servidas por um modelo de desenvolvimento que é contra o pobre, contra o meio ambiente e absolutamente contrário ao modo de vida comunitário.
Todavia, como em muitas experiências do povo que se levanta essas comunidades estão dispostas a resistir e a defender o que lhes é de direito, conforme afirmam moradores de Várzea Queimada, Umbiguda e Sambaiba durante reunião realizada com a CPT no dia 10 de julho, para discutir o problema: “Estamos nos organizando para que toda a área que é posse dos vaqueiros e criadores volte ao que era antes, queremos de volta as áreas soltas, os campos abertos dos vaqueiros e criadores da região”.