Cerca de 500 pessoas participaram neste sábado, 12 de setembro, da Primeira Romaria do Cerrado, realizada na cidade de Côcos-BA. A romaria encerrou as comemorações da Semana do Cerrado, que acontecia desde o dia 8 de setembro, no Oeste da Bahia e Norte de Minas Gerais.
Participaram da romaria representantes de comunidades tradicionais, sindicatos, movimentos sociais, paróquias, associações e organizações populares das cidades de Barreiras, Canápolis, Côcos, Cordeiros, Coribe, Correntina, Formosa do Rio Peto, Jaborandi, Piripá, Santa Maria da Vitória e São Desidério, na Bahia, e da Chapada Gaúcha, Itacarambi e Pedra de Maria da Cruz, de Minas Gerais.
Durante a caminhada, que percorreu mais de 3km da entrada da cidade até o Ginásio de Esportes, aconteceram duas paradas, uma no Mercado Municipal, onde foi feita uma apresentação de teatro sobre o Cerrado, e outra às margens do Rio de Côcos, onde os romeiros despejaram um gole d’água no rio que está secando.
Em apresentação durante a romaria, o cacique Divalci, da tribo Xakriabá, desabafou falando sobre o sofrimento que seu povo tem passado. “Nós estamos sendo destruídos pelos grandes projetos que desmatam nossas terras, poluem e matam nossos rios. Não é apenas o povo indígena que está morrendo, são os pobres, a classe mais baixa”, declarou.
Em todo o percurso, os romeiros cantaram e clamaram por melhores condições de vida na região, exibindo cruzes e faixas de apelo e denúncia sobre problemas como queimadas, desmatamento, construção de barragens e poluição dos rios.
Reinaldo Souza de Amaral, 15 anos, estudante da Escola Família Agrícola de Correntina, participou pela primeira vez de uma romaria e deixou claro pelo que estava lutando: “Vim participar porque temos que lutar pela nossa região, pela terra e pela água, porque sem isso a gente morre de fome”, declarou.
O encontro foi encerrado no Ginásio de Esportes com a leitura da Carta da Semana do Cerrado (leia na íntegra), seguida de um almoço coletivo.