Ocorreu em Tremedal – BA, a quarta etapa do Curso Modular de Formação para Jovens promovido pela equipe Sul/Sudoeste da Comissão Pastoral da Terra – CPT e pelas paróquias do zonal de Condeúba – Diocese de Caetité. O evento aconteceu nos dias 9 e 10 de julho e reuniu catequistas, membros de Conselhos Municipal, militantes das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs, do Movimento Negro, da Pastoral da Juventude e animadores/as, todos/as comunitários/as. No total foram 30 jovens vindos das paróquias de Condeúba, Cordeiros, Piripá e Tremedal.
O tema do curso foi “Trabalho de base e animação da juventude” e contou com a assessoria de Luan Piauhy, militante do Levante Popular da Juventude nos municípios de Itabuna e Ilhéus. A inspiração do encontro veio de Paulo Freire, pedagogo da educação popular com práticas transformadoras e libertadoras que incomodam a classe hegemônica. A pedagogia de Freire está de acordo com os que marcham, com os que rebelam, com os sem terra, com os sem moradia, com aqueles que lutam por direitos e pela superação da falta de democracia.
Segundo Luan quem se propõe a fazer trabalho de base deve sair da “zona de conforto”, pois não se faz trabalho de base virtualmente ou a distancia, ele falou sobre o significado da palavra “base” – alicerce, estrutura – dando exemplos como as categorias de base no futebol, as CEB’s etc. Quem faz trabalho de base busca mudanças e, nesse sentido, os movimentos sociais são atores de transformação da sociedade. O trabalho de base pode ser entendido também como ferramenta que possibilita nova visão política para a sociedade, o trabalho de base é paixão.
Para o assessor do encontro, a força do trabalho de base depende do rumo e capacidade de cada um/a, portanto, a ju
ventude é imprescindível em virtude de sua inquietação e sonhos. Nesse sentido Sandy Luz da Paróquia de Cordeiros lembra Che Guevara segundo ele “ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”. Partir da realidade concreta, construção de lideranças, ações concretas com a comunidade como sujeito protagonista da história, tirar dessas ações referências, saldos organizativos e políticos, esse são alguns dos objetivos e como fazer o trabalho.
Para Maria Aparecida da comunidade de Bonito em Piripá “esse encontro é enriquecedor, dinâmico e parte da realidade momentânea, o trabalho de base, aliado a educação popular bem como o despertar da organização”. Pode afirmar então que, mesmo considerando a dialética da sociedade devemos atentar as táticas e estratégias a ser seguida, inclusive, atentos/as a desconstrução dos nossos valores e conceitos e construção de novos valores, coletivos.
De acordo Luan devemos fugir do espontaneismo e do sectarismo com planejamento de trabalho, analisando a conjuntura, e ainda que, mesmo na contradição conseguir fazer trabalho de base, porquanto, a sociedade vive a contradição o que quer dizer que se deve discutir como fazer o trabalho de base. Continua dizendo que devemos identificar quem são nossos inimigos e aliados para assim termos sucesso junto às bases, saber onde queremos chegar, um horizonte de mudança, e conclui “não se deve deixar apagar o fogo que arde em nossos corações”. Segundo Natanael da comunidade de Malhada Grande em Cordeiros esse é “um encontro proveitoso e dinâmico, nos alertou que somos oprimidos por parte da sociedade e, nos levou a refletir como agir diante dessa opressão”.
Alane Cordeiro, da Paróquia de Cordeiros afirma que “o trabalho de base é assumir o cargo de operário/a, é ir a luta, não acomodar, por mais humilde que seja, um bom trabalho de base, inspira uma sensação de vitória”. Por fim o entendimento e o desejo do jovem Renê Rodrigues da Paróquia de Tremedal “as pessoas se movem pelo desejo de melhorar, de aperfeiçoar-se, de progredir, de subir na vida. A luta é indispensável para transformar e desenvolver o mundo”. Sigamos então em marcha e rumo a utopia na pedagogia da práxis “dos humildes, para os humilde e pelo os humildes”.