A celebração dos 40 anos da Comissão Pastoral da Terra – CPT, regional Bahia foi uma tarde de vivência da essência da Comissão. Teve apresentação de dados sobre conflitos de terra no país, debate político, relato de situações enfrentadas por comunidades rurais, celebração ecumênica, poesia e muita música. A comemoração aconteceu nesta quarta-feira, 20 de julho, em Salvador, na sede da Coordenadoria Ecumênica de Serviço – CESE.
Amigos que vivenciaram os 40 anos da Comissão na Bahia e também jovens que acabaram de conhecer a CPT participaram da programação. Em uma mesma sala estavam pesquisadores como os professores e alunos do Geografar, programa da UFBA que estuda o campo baiano; ex-agentes da CPT que já deixaram a ação do dia a dia, mas não se desligaram da luta; representantes de movimentos e entidades parceiras como Cime, Ceta, Cáritas, CEAS, MPA, AATR e os agentes da Comissão que vieram de diferentes regiões da Bahia. O vice-presidente da CPT e bispo de Rui Barbosa –BA, Dom André Witte também participou da tarde festiva.
“A CPT é presença evangélica a serviço das lutas camponesas no Brasil. Celebrar a CPT é celebrar a luta. Se não olharmos o que acontece com os camponeses estamos falhando”, afirmou Ruben Siqueira, assessor da CPT na abertura do evento. Após a apresentação dos números dos conflitos de terra no Brasil, em 2015 foram 50 assassinatos e em 2016 já foram registrados 27 mortes, uma grande roda de conversa foi montada.
A partir de diferentes pontos de vista, a luta pela terra foi discutida e ao final a conclusão do debate foi a importância de não ficar apenas nas dores da luta, mas também ressaltar as conquistas e continuar a caminhar. “Isso aqui é a essencial da CPT. É a partir da realidade, que a gente se coloca a serviço. Isso é Pastoral da Terra. A realidade é o chão”, resumiu emocionado Edu, ex-agente da CPT que viu o regional da Bahia nascer.
Após o debate, uma celebração ecumênica fez memória àqueles que ao longo dos últimos 40 anos perderam a vida por causa da luta pela terra. Foram homens, mulheres e até crianças que partiram, mas ainda vivem por conta do exemplo que deixaram. O texto bíblico que animou a reflexão foi o de Atos dos Apóstolos, capítulo 3, que narra o encontro de Pedro e João com um homem paralítico que pedia esmolas na porta do templo.
Na passagem, Pedro diz ao paralítico: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e logo os seus pés e artelhos se firmaram”. A frase do apóstolo foi repetida pelos presentes como um reforço do compromisso com a missão da CPT.