No Dia Internacional da Luta Camponesa, 17 de abril, agentes da Comissão Pastoral da Terra – CPT participaram de um debate em comemoração à essa data e em memória da luta de Eldorado dos Carajás, promovido pelo Colegiado de Geografia/ CGEO, da Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf, no campus de Senhor do Bonfim.
O evento foi coordenado pelo professor João César Abreu (CGEO/Univasf), tendo como palestrantes o Professor Gustavo Negreiros (CGEO/Univasf), Maria Aparecida J. Silva e Antônio Célio de Castro, agentes da CPT Centro Norte.
Durante a palestra, Negreiros fez uma abordagem sobre o Massacre ocorrido em 17 de abril de 1996, no município de Eldorado do Carajás, sul do Pará, onde policiais militares do Estado, fortemente armados, assassinaram 19 trabalhadores rurais sem-terra, chegando posteriormente a 21 o número de mortos e inúmeros trabalhadores(as) feridos. O professor lembrou ainda o assassinato recente de um dos sobreviventes deste massacre, o mesmo estava no hospital porque dias antes, tinha sido baleado em uma primeira tentativa de assassinato. A região dos Carajás, tem forte presença de camponeses, é onde está localizada a maior mina de ferro do mundo, controlada pela Vale do Rio Doce, empresa mineradora de grande poder econômico, “receita perfeita para o conflito”, ressaltou Negreiros.
O modelo desenvolvimentista adotado pelo Estado Brasileiro, cujas ações demonstram sua aliança histórica com as empresas privadas, tem levado a deflagração de vários conflitos por toda parte. Na palestra, os agentes pastorais demonstraram que a chacina do Eldorado dos Carajás não é um caso isolado, a luta camponesa contém a marca da violência e da impunidade, ao lembrar das lutas populares históricas, violentamente reprimidas pelo Estado, a exemplo de Canudos e casos contemporâneas, onde fazendeiros, políticos locais e empresas se unem para perpetuar injustiças contra os trabalhadores. Só no município de Monte Santo (BA), foram assassinados 8 trabalhadores ligados a luta pela terra na região, destes, não houve punição a nenhum envolvido.
Na apresentação, os agentes também abordaram os conflitos gerados pela presença de empreendimentos do capital nas comunidades. Por trás das falsas propagandas do progresso, empresas mineradoras, do agrohidronegocio e parques eólicos tem avançado sobre os territórios de pequenos agricultores e de comunidades tradicionais, violando os direitos destas populações e causando graves impactos socioambientais.
A luta camponesa não diz respeito apenas aos trabalhadores rurais, a cidade depende do campo. Mais de 70% dos alimentos consumidos no Brasil vem da agricultura familiar. As populações do campo agem como verdadeiros ecologistas nos seus territórios pois além de cuidar, fiscalizam e denunciam os crimes ambientais praticados por empresas, por agentes públicos ou mesmo por moradores inconsequentes.
Não podemos esquecer as violências praticadas contra o nosso povo! O dia 17 de abril é para ser lembrado, para impulsionar a busca da justiça, para efervescer a luta e a conquista de direitos!
Durante o debate, o professor Atila convidou a CPT a construir um projeto de formação juntando professores com o objetivo de aprofundar estes dados no campus e nas comunidades.
Globalizemos a luta! Globalizemos a esperança!
CPT Centro Norte, Diocese de Bonfim-BA.