Durante três dias, trabalhadores/as rurais do Assentamento Terra de Santa Cruz, em Santa Luzia (BA), participaram de mais uma etapa do processo de sistematização de experiências na luta pela terra. Essa iniciativa foi organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT-BA) com o apoio do grupo de pesquisa Geografar da Universidade Federal da Bahia (UFBA), do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santa Luzia (STR) e outros parceiros.
As entrevistas, rodas de conversas e debates fomentaram a necessidade de formação política, resgate da memória de luta e ancestralidade, dos vários significados da luta para os/as assentados/as, assim como da criatividade para enfrentar a atual conjuntura. Desde a lona preta até o lote há um longo processo de aprendizado que no entendimento dos entrevistados devem ficar para as novas gerações.
Diante dos desafios de resgatar a memória de luta, das dificuldades de enfrentar os que se apresentam como inimigos dos sem-terra e de se preparar para o futuro, os/as assentados/as decidiram construir três produtos para a sistematização. Um curta metragem com entrevistas, fotografias e imagens que dê conta de construir uma narrativa do que é a luta pela e na terra; uma peça teatral que organize os/as jovens para que possam se sentir pertencentes do processo de luta que se iniciou antes deles, e ao mesmo tempo que construam uma nova linguagem para dialogar no assentamento; e uma escola de formação que faça a síntese entre a história local com as questões estruturais da luta pela terra.
Essa etapa contou com a presença de Thomas Bauer, assessor da CPT Bahia, que captou um pouco do dia a dia dos/as assentados e assentadas, desde a produção até a preparação para comercializar os produtos, passando pelos momentos de lazer e formação política. Ao fim de mais uma etapa, que aconteceu entre os dias 20 e 22 deste mês, os/as participantes saíram com a certeza de que a luta se dá de várias maneiras e na maioria das vezes, as grandes batalhas acontecem no cotidiano, na solidariedade dos que sonham pela terra ainda embaixo da lona preta e nas dificuldades para comercializar o que se produz.
Texto e fotos: Magno Luiz Costa Oliveira/ CPT Bahia