Thomas Bauer (CPT-BA/H3000) e Paulo Oliveira (Meus Sertões)
Os vaqueiros chegam por volta das nove horas da manhã com os cavalos nos reboques. Depois de prepararem os animais, fazem suas inscrições em um andaime instalado próximo ao curral. Quem não trouxe comida, se alimenta no almoço oferecido por Chico Peba. Uma hora da tarde começa a disputa, que se estende até o último raio de sol.
A pega de porteira foi criada por vaqueiros da região norte da Bahia que, à medida que envelheciam, não tinham mais condições de participar da pega de novilhos e novilhas na caatinga. Chico Peba define a prática como uma mini vaquejada, que também permite a participação de vaqueiros mirins e infantis. Além disso, atrai um bom público.
“Os custos para participar ou assistir uma vaquejada são elevados. Já a pega de porteira é um esporte bem mais acessível para os participantes e para quem quer torcer. E a gente fica feliz porque permite que essa tradição não morra” – explica o organizador do evento.
O inventor da pega de porteira foi o saudoso amigo Coronel, morador de Pilão Arcado. A novidade se espalhou e o vaqueiro Alberto Rodrigues, conhecido por Bertinho da comunidade Pau D´Arco, no município Sento Sé, foi quem deu seguimento na organização da festa. A iniciativa de Bertinho ajudou que a tradição esteja presente hoje em vários municípios.
Além da competição em Itaguaçu, há outra ainda este mês na comunidade Umburanas no município Xique-xique. A premiação de lá será de 10 mil reais para os primeiros colocados. É a maior da região.
Dupla de vaqueiros
A disputa é feita por duplas. O animal é solto da porteira e um par de vaqueiros dispara para tirar a fita presa no pescoço da rês. É raro os competidores levarem mais de 10 segundos para alcançarem o objetivo.
Um vaqueiro pode participar diversas vezes com parceiros diferentes, basta fazer a inscrição e pagar 70 reais por corrida. Os vencedores serão aqueles que obtiverem o menor tempo.
Quanto aos novilhos, aquele que ficou sem a fita mais rápido não pode voltar para outra corrida. O retorno do gado para o curral, à espera de nova chamada, ocorre quando o número de inscrito é maior que o dos animais ou se quem comprou a senha não aparecer para competir após seu nome ter sido chamado duas ou três vezes.
Entre as centenas de pessoas presentes dos municípios vizinhos de Pilão Arcado, Xique-xique, Jussara também estiveram presentes os representantes das comunidades Boa Vista, Carneiro, Roçado, Vista Nova, Sítio de Xique-Xique, Conceição, São João, Esconso, Várzea da Cerca, Poço Grande, Pau Seco e Nova Vereda de Itaguaçu da Bahia. Todas sofrem com o avanço do projeto de irrigação do Baixio de Irecê, realizado pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco e Parnaíba (Codevasf)
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*Legenda da foto destaque: Sessenta e quatro novilhas foram escolhidas para a competição. Foto: Thomas Bauer
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