A CPT Bahia e a CPT Nacional prestam homenagem ao Rev. João Dias, Pastor da Igreja Presbiteriana Unida, que faleceu no dia 09 de fevereiro. Agradecemos a Deus o dom que foi para nossas igrejas a presença ecumênica junto aos pobres da terra que o Rev.do João Dias nos ajudou a implementar na Bahia e no Brasil.
Ele foi um dos fundadores da CEDITER (Comissão Ecumênica dos Direitos da Terra ) e era uma voz ecumenicamente profética, biblicamente inspirada. Como nos lembrou oportunamente nossa amiga Eliana Rolemberg, ele esteve presente, com suas apreciadas intervenções, em muitas assembleias da CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços, com sede em Salvador -BA) , em reuniões do Fórum
Ecumênico – FEACT Brasil, em atividades do Conselho Mundial de Igrejas. Teve
uma importante participação em momentos fundamentais do movimento ecumênico.
Nós da CPT Bahia, tínhamos nele um ponto de referência pelo seu profetismo e pelas suas reflexões de espiritualidade bíblica. Podemos dizer que, com ele, a Igreja católica de Ruy Barbosa e a CPT, dentro dela, como uma das suas pastorais, puderam experimentar uma convivência ecumênica concreta e real, feita mais de opção solidária com os pobres, do que de entendimentos doutrinários. Esta convivência se expressou no apoio à organização dos camponeses através do Polo sindical de Itaberaba – BA que abrangia 8 municípios e outras iniciativas de formação para as mulheres do campo, como as que sua esposa, dona Ithamar, falecida há poucos meses, liderava em conjunto com grupos ligados também à CPT .
Encontramo-nos numa conjuntura difícil e desfavorável dos anos 80-87, com a ocorrência constante de conflitos entre latifundiários e camponeses, expulsões sumárias de posseiros de suas terras, queima de casas e ameaças de morte a lideranças que tentavam reagir com base na lei e na sua inicial organização sindical.
João Dias nos permitiu ensaiar, com a CEDITER e a CPT de uma região desta imensa Bahia, os municípios de Wagner, Lagedinho, Utinga, Ruy Barbosa, Utinga, Itaberaba, Boa Vista do Tupim, Ibiquera, Iaçu, Marcionílio Souza, Itaetê… que na luta solidaria pela justiça, ao lado das vitimas concretas e históricas, como são, ainda hoje, os camponeses e camponesas e suas comunidades tradicionais, é possível o longo processo de restauração da unidade dos discípulos e discípulas de Jesus e de suas agremiações eclesiais. A serviço da vida em abundância (cfr. Jo, 10,10).
Frei Luciano Bernardi pela CPT Bahia e CPT Nacional.