Na última quarta-feira (28), aconteceu a Assembleia Popular sobre a Fiol e o Porto Sul, no Assentamento Bom Gosto, na área do Itariri, em Ilhéus (BA). A Assembleia é um instrumento político que tem por objetivo fortalecer a democracia participativa em resposta a maneira como historicamente são tomadas as decisões sobre a cadeia produtiva na mineração, ou seja, sem nenhuma participação popular e visando apenas os interesses das grandes empresas.
O complexo Bamin – Fiol – Porto Sul tem o intuito de garantir o escoamento do minério de Ferro da Jazida Pedra de Ferro, em Caetité, que pertence a Bahia Mineração (Bamin). A ferrovia que se inicia em Figueirópolis (TO), atravessa o semiárido baiano e termina no litoral sul de Ilhéus, transportando minério de ferro por mais de 40 municípios até o complexo intermodal Porto Sul,
Essa logística impacta diretamente a produção de alimentos, criação de animais e fontes de água que estarão por seus caminhos. Os impactos para a saúde das populações é ainda mais preocupante, pois o pó do minério transportado em vagões abertos pode alcançar territórios em até 30km do seu traçado, causando doenças respiratórias graves.
Participaram do evento representantes das comunidades, igrejas, organizações civis e movimentos populares da região. A assembleia teve início com a análise de conjuntura realizada por Camila Mudrek, militante do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), que denunciou os impactos do projeto e o modus operandis desse modelo de produção mineral, apontando a necessidade de se construir um modelo mineral soberano, popular e que respeite a vida.
Na sequência, o professor Rui Rocha, integrante do Floresta Viva, fez uma análise do projeto, de como ele foi construído, levando em consideração apenas os interesses das empresas envolvidas, e ao contrário do que muitos dizem, sem considerar o desenvolvimento da região.
Já os participantes da assembleia apontaram a forma como foram coagidos pelos funcionários do governo e das empresas, e da estratégia utilizada por eles de dividir as comunidades para enfraquecê-las. Após as colocações, os assentados e assentadas, trabalhadores e trabalhadoras rurais, decidiram que vão exigir os seus direitos e o acesso a informações verdadeiras sobre o projeto e seus impactos sociais e ambientais, com a consciência de que a luta continuará.
Texto: Magno Luiz Costa Oliveira/ CPT Bahia
Foto: Augusto Magno Pereira Oliveira
Edição: Comunicação CPT Bahia