A publicação apresenta um panorama sobre empresas, interesses políticos, tecnológicos, e dos atores envolvidos na produção mundial de alimentos, com recorte para o Brasil. O lançamento para os/as agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ocorreu na noite desta quinta-feira, 18, durante o Encontro Nacional de Formação, que ocorre entre os dias 17 e 20 em Luziânia (GO).
(Texto por Elvis Marques – Assessoria de Comunicação da CPT)
Organizado pelas Fundações Heinrich Boell e Rosa Luxemburgo, o “Atlas do Agronegócio – fatos e números sobre as corporações que controlam o que comemos” foi lançado na Alemanha no ano passado, e, neste ano, traduzido e adaptado para o Brasil. O lançamento oficial do estudo ocorreu no dia 4 de setembro no Rio de Janeiro com a presença da culinarista e apresentadora de televisão, Bela Gil, do integrante da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Denis Monteiro, de Maureen Santos, da Heinrich Böll, e com moderação do ator e apresentador Gregorio Duvivier.
Já na noite desta quinta-feira, para a CPT, Verena Glass, jornalista e integrante da Rosa Luxemburgo, explicou que o atlas é um verdadeiro “esforço que compila dados sobre a cadeia agroalimentar no mundo. E é interessante perceber que muito daquilo que comemos são poucas as empresas que detém toda a alimentação. E porque é importante estarmos atentos? Porque em primeiro essas empresas tendem a homogenizar os alimentos, e cada vez menos escolhas com a detenção dos produtos por esses conglomerados”, afirma ela, que é co-editora da publicação.
“Evidenciamos que o campo tem sido marcado pela concentração de terras nas mãos de cada vez menos produtores, pela expansão de plantações de monocultivos – especialmente soja, milho e cana-de-açúcar – e pelo consequente aumento do uso de agrotóxicos, perda da qualidade do solo e redução da biodiversidade”, destacam, na apresentação do Atlas, Annete Von, da Heinrich Böll, e Gerhard Dilger, da Rosa Luxemburgo.
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Para Cláudio Maia, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG) e integrante da Comissão Nacional de Formação da CPT, o Atlas é uma importante ferramenta pois mostra “o agronegócio como um todo, através de mapeamentos e textos”. Entre as análises apresentadas nesta publicação, o historiador destaca a forte investida do capital financeiro no Brasil para aquisição de terras. “Quando um insumo se torna mais valioso, como a terra, você terá mais disputas, claro, e gerará mais conflitos, por exemplo”, aponta.
Formação
Com o tema “Teia dos Povos: Sementes de Bem Viver”, o Encontro Nacional de Formação, realizado anualmente pela Pastoral da Terra, tem como objetivo, neste ano, aprofundar os princípios do Bem Viver a partir das experiências dos modos de vida e da organização dos camponeses e das camponesas, povos e comunidades tradicionais. O evento reúne cerca de 50 agentes de pastoral de todas as regiões brasileiras.
Ficha Técnica do Atlas do Agronegócio
Organização: Maureen Santos, Fundação Heinrich Böll Brasil, Verena Glass, e Fundação Rosa Luxemburgo.
Autores: Alceu Luís Castilho, Benjamin Luig, Bruno Stankevicius Bassi, Christian Rehmer, Christine Chemnitz, Christine Pohl, Christoph Then, Christophe Alliot, Claudia Schmitt, Denis Monteiro, Dietmar Bartz, Elise Mills, Flávia Londres, Gabriel Bianconi Fernandes, Heike Moldenhauer, Jan Urhahn, Jennifer Clapp, Jim Thomas, John Wilkinson, Juliana Casemiro, Juliana Dias, Katrin Wenz, Leonardo Sakamoto, Maria Emília Pacheco, Maureen Santos, Roman Herre, Saskia Hirtz, Shefali Sharma, Sophia Murphy, Stanka Becheva, Stephen Greenberg, Sylvian Ly, Vanessa Schottz, Verena Glass, e Viviane Brochardt.