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CPT BAHIA

Audiência pública marca a luta e a resistência das famílias atingidas pelo projeto de irrigação Baixio de Irecê

Por CPT Irecê

Na ultima terça feira (20/05) mais de 200 camponesas/es participaram de audiência pública realizada pelo Ministério Público Federal em Xique-Xique. Esta audiência teve como objetivo a continuidade do processo de apuração e investigação das irregularidades com a instalação do projeto de irrigação Baixio de Irecê.

 

Os camponesas/es presentes na audiência, representando mais de 15 comunidades atingidas, relataram o processo violento da grilagem das terras, acontecido na década de 1970 e 1980; a não participação efetiva das famílias das comunidades do entorno do Projeto nas audiências públicas realizadas pela CODEVASF; o impacto social (modo de vida e cultura do povo) e ambiental (assoreamento dos rios São Francisco e Verde); dentre outros elementos que foram abordados.

 

Do clamor dos trabalhadores que ecoou nesta audiência destacou-se o grito de Abelita, da comunidade de Boa Vista, “o povo das comunidades não é cachorro para ser pisado e expulso de suas terras por um grande projeto como este, e que agora promete dar um pedaço de terra como inclusão social que não é suficiente para todas as famílias das comunidades atingidas permanecerem e garantir o modo de vida.” Neste sentido, exigiram que a CODEVASF devolva as terras que historicamente pertenceram às famílias atingidas pelo projeto de irrigação.

 

A CODEVASF, que participou da audiência, afirmou que não tem terra para doar às famílias, mas orienta o Procurador do MPF a fazer uma recomendação ao Ministério do Planejamento para apresentar a reivindicação das famílias; investigar tudo que foi questionado, principalmente o processo da grilagem que as famílias sofreram no passado.

 

Depois que as comunidades apresentaram todos os impactos já vividos e muitos outros que sofrerão com o funcionamento do projeto, O procurador do Ministério Público Federal, Samir, disse que vai apurar todas as irregularidades e que o processo não encerrou nesta audiência, terá outros procedimentos.

 

Com isso, as famílias consideraram esta audiência pública como marco na luta histórica pela permanência na terra e defesa do seu modo de vida. Avaliaram como momento importante do exercício da cidadania para contrapor à imposição deste modelo de desenvolvimento apresentado pela CODEVASF por meio deste grandioso projeto que afetará a cultura das diversas comunidades. A audiência é mais um espaço para reivindicar da justiça brasileira providências quanto aos impactos deste empreendimento.

 

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