“Por isso, acolhei-vos uns aos outros, como Cristo nos acolheu para a glória de Deus.” (Romanos 15,7)
No último domingo (12), foi celebrada a posse canônica do novo pastor diocesano Dom Estevam dos Santos Silva Filho, na Igreja Santo Antônio, em Ruy Barbosa – Bahia. Por conta da pandemia do coronavírus, ela foi restrita para poucas pessoas.
Dom Estevam encontra uma pastoral diocesana com uma vivência de mais de 40 anos de CEBs no meio rural. Essa Pastoral surge da necessidade dos trabalhadores e trabalhadoras dessas comunidades, de um apoio e presença da igreja que assumindo sua dimensão missionária, freiras, padres e leigos/as se juntam ao povo na luta pela vida, defesa dos seus direitos e do meio ambiente. Este serviço missionário foi bem acolhido por Dom Mathias Schmidt (bispo da época de fundação da Comissão Pastoral da Terra – CPT) que afirmava sempre em suas pregações o texto de Tiago 2, 14: “De que aproveitará irmão, alguém dizer que tem fé, se não tiver obras? Acaso esta fé poderá salvá-lo?”, assim se dedicou fielmente a este povo, assumindo uma postura e uma linha pastoral de igreja povo, evangelizadora, comprometida com as causas dos pequenos, pondo-se ao lado desses como diz o evangelho de São Marcos 25, 40: “O que fazes aos pequenos é a mim que o fazes”.
Como continuidade a este legado, Dom André através das pastorais e movimentos sociais consegue avançar muito no diálogo, no acesso às políticas e conquistas sociais, mas deixa para seu sucessor uma conjuntura muito mais desafiadora em todos os sentidos para a missão evangélica ao longo do seu episcopado. As comunidades estão bem mais fragmentadas por influências neopentecostais, neoliberais e tecnológicas, evidenciando ainda mais os conflitos sociais, de gênero, étnicos e geracionais.
Neste chão, Dom Estevam depara com muitos sinais de dor e alegria, de perdas e vitórias, de lutas e conquistas na defesa da vida humana e ambiental, onde muitas sementes foram semeadas pelos seus antecessores e pela organização do povo de Deus. Destas, muitas caíram em pedregulhos, mas outras caíram em terras férteis e deram frutos bons. A dor do povo são os espinhos que atravessaram, às vezes de forma distinta, todas essas fases que perdura nessa nova realidade.
Diante disso, mais uma vez, a CPT com sua atuação ecumênica e intercultural se põe a serviço da missão na diocese, somando ao seu Novo Pastor que chega com o lema “Ai de mim se eu não evangelizar” à luz evangélica a opção preferencial pelos pobres na caminhada do povo de Deus nessa Diocese.
É com esse Deus e com esse povo excluído socialmente, mas escolhido por Deus para serem seus/suas semeadores/as do reino de justiça, que nós da CPT somamos, ensinamos e aprendemos muito com suas sabedorias e experiências de semeadores/as que deixam como lição a missão do amor ao próximo. E também por acreditar que o reino de justiça que Deus nos pede a semear, se concretiza quando somamos a fé (que Deus está conosco em nossas caminhadas) e o nosso serviço missionário na ação em defesa da vida, assim como fez Cristo em sua missão junto ao povo, pois só assim, nesta corrente, poderemos diminuir tantas epidemias como ressalta Dom Estevam em seu discurso de posse.
Apesar da realidade dura, no cenário político, temos a certeza que o nosso pastor encontrará uma terra muito fértil, com muitos semeadores e muitas semeadoras que estarão convosco o tempo todo no plantio e na colheita das sementes do Reino de Deus (como já constam nos anais da diocese dos seus antecessores), como disse Dom Estevam “venho com simplicidade e humildade para continuar semeando convosco as sementes do Reino de Deus, venho com o coração confiante e esperançoso, estou confiante porque sei que a graça de Deus não falta aos seus”. E Ele sempre esteve e está à frente, do lado e com o seu povo nesta caminhada de luta, fé, esperança e de transformações.
No ensejo, agradecemos ao legado deixado pelos antecessores e de modo especial a Dom André de Witte pelo acolhimento do trabalho exercido por esta pastoral junto ao povo de Deus. Por fim, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Diocese de Ruy Barbosa, neste momento de tão grandiosa relevância para a nossa igreja, com carinho e alegria recebe e acolhe Dom Estevam, com amor, fé e esperança.
