Na noite da última segunda-feira (12), jovens de comunidades tradicionais de fundo de pasto e quilombolas do território da Diocese de Juazeiro (BA) se reuniram para debater a importância da comunicação e cultura popular. A 3ª etapa da Escola de Formação da Juventude Rural, organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), contou com a assessoria da jornalista Mayane Santos e da educomunicadora Manuela Ferreira.
A influência dos meios de comunicação na sociedade, a concentração midiática e suas consequências para democracia, a comunicação enquanto direito, os potenciais da comunicação popular e educomunicação, e as possibilidades de produção de conteúdo através das mídias digitais foram algumas das questões discutidas pelos/as participantes da formação.
A integrante do Coletivo Carrapicho Virtual, Manuela Ferreira, relatou a experiência de educomunicação produzida por jovens do Vale do Salitre, em Juazeiro. Desde 2014, a juventude salitreira tem produzido uma comunicação contextualizada com a sua realidade, primeiro, através de um jornal impresso e, posteriormente, fazendo uso das redes sociais online, com a produção de vídeos, reportagens e documentários.
“O Carrapicho é isso, educomunicação que a gente fala sempre ‘para além das técnicas’. É para além da gente saber como gravar um vídeo. Isso é importante, mas também é como a gente enxerga o mundo que tá a nossa volta, como a gente enxerga a nossa cultura, as necessidades das nossas comunidades. É educomunicação com os jovens, esse olhar para o mundo, política e crítica a todo instante”, destacou Manuela.
Já Mayane Santos comentou sobre sua relação com o jornalismo cultural, através da atuação no Projeto Malê e junto a grupos culturais do Vale do São Francisco.
“Por que os meios de comunicação não contam as histórias das culturas que são praticadas pelo povo? Que nascem do povo? A partir disso a gente precisa pensar que a cultura também é um meio de comunicação. A gente pensa muito em cultura como manifestação artística, o que é também, mas não só. Eu enxergo a cultura como um conjunto de práticas, costumes, maneiras de viver de um povo”, ressaltou a jornalista.
Para Juliana Teixeira, moradora da Fazenda Pintadinho em Curaçá e participante da Escola de Formação, o encontro foi um momento de muito conhecimento. “Me trouxe um sentimento de saudade, porque fazíamos cinema popular, roda de conversa com os mais velhos e veio aquele medo de não termos aproveitado suficientemente esses momentos antes da pandemia”. A jovem também destacou a importância das discussões sobre as desigualdades na internet. “Essa questão da internet mascarada [algoritmos racistas e machistas], a gente vê alguns sinais e não se atenta pra eles, mas no encontro, tivemos informações para ficarmos mais alertas”, afirmou.
Texto: Comunicação CPT Juazeiro