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CPT BAHIA

Comunidade quilombola desafia CBPM e mineradora na Chapada Diamantina

Promessas de apoio se contrastam com a realidade vivida pelos moradores

Texto reprodução: SOS Bocaina e Mocó (via Instagram)

Em nota divulgada no jornal “A Tarde”, sobre parceria entre Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), empresa estatal ligada ao Governo do Estado, e a companhia inglesa Brazil Iron, a mineradora afirma respeitar as comunidades locais. Porém, os casos de grilagem de terra, intimidação e secagem das nascentes contradizem essa declaração

Isso é respeito?

Em meio a um cenário de promessas e desafios, a comunidade quilombola Bocaina tem enfrentado sérias dificuldades devido às atividades de mineração da empresa Brazil Iron. Embora a companhia declara estar ao lado das comunidades locais, os moradores relatam uma realidade que contradiz essas afirmações.

Localizada no município de Piatã, a comunidade quilombola é rica em cultura e história, sendo um importante símbolo de resistência e luta por direitos. No entanto, o projeto de expansão das atividades mineradoras na região tem gerado preocupações significativas entre os moradores. Eles denunciam impactos diretos em suas terras, recursos hídricos e modos de vida.

“A empresa diz nos jornais que respeita as comunidades locais, mas o que vemos é a degradação do nosso território e o desrespeito às nossas tradições,” afirma um morador. Segundo ele, as operações de mineração têm causado poluição das fontes de água e o desmatamento de áreas vitais para a subsistência da comunidade.

A Brazil Iron, por sua vez, defende que está comprometida com o desenvolvimento sustentável e que realiza ações para apoiar as comunidades locais. No entanto, muitos moradores sentem que suas vozes não estão sendo ouvidas. A falta de consulta prévia e transparente sobre os projetos minerários tem gerado desconfiança entre os quilombolas.

“É fundamental que as empresas respeitem nossos direitos e nos incluam nas decisões que afetam nossas vidas,” ressalta um morador, destacando a importância da participação ativa da comunidade nos processos de licenciamento e nas discussões sobre os impactos das atividades mineradoras.

A situação na comunidade quilombola Bocaina é um exemplo claro dos desafios enfrentados por muitas populações tradicionais diante da exploração dos recursos naturais. Apesar das promessas feitas pela Brazil Iron, os moradores continuam lutando por seus direitos e pela proteção de seu território.

Através de mobilizações e parcerias com organizações sociais, a comunidade busca visibilidade para suas demandas e um compromisso real por parte da empresa. “Estamos aqui para ficar. Nossa luta é por justiça e pela permanência digna no nosso território,” conclui o morador.

A questão do impacto da mineração nas comunidades quilombolas levanta um debate importante sobre os direitos das populações tradicionais e a necessidade de práticas empresariais responsáveis.

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