O intercâmbio entre comunidades impactadas pelo eucalipto na Bahia e em Minas Gerais mobilizou e fortaleceu a luta das famílias que convivem com o problema conhecido como “deserto verde de eucalipto”; são inúmeros hectares plantados apenas de eucalipto que impedem a produção de outros gênero para a alimentação. A atividade realizada em uma parceria da Comissão Pastoral da Terra – CPT com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Pardo, envolveu 18 representantes das comunidades dos municípios de Cordeiros, Condeúba, Tremedal e Piripá, na Bahia e mais 12 líderes das comunidades de Rio Pardo, em Minas Gerais.
A troca de experiências ocorreu nos dias 07 e 08 de junho, em Minas Gerais, nas comunidades de Veredas Funda, Ribeiro e Porcos, em Rio Pardo. Durante o encontro, as comunidades mineiras apresentaram a experiência de luta das famílias na região, que assim como as baianas sofrem com o avanço indiscriminado da plantação de eucalipto comandado por grandes empresas.
Segundo Eumir Pereira, presidente do sindicato e morador da comunidade Vereda Funda, a plantação de eucalipto iniciou na década de 80 através do incentivo do governo que fez concessão de terra pública para a plantação de eucalipto. As empresas passaram a se apropriar de todo o território da comunidade, sendo em muitos casos através da grilagem e expulsão dos camponeses.
Ainda segundo ele, os primeiros impactos sentidos pela comunidade envolveu o esgotamento das nascentes e rios. “Seis anos após a plantação dos eucaliptos, os rios que nunca tinham parado de correr secaram de uma vez só”, diz Eumir Pereira. Além disso, ele destaca que as comunidades tinham a prática da solta do gado, que foi proibido pelas empresas plantadoras de eucalipto. Sentindo-se acuada, a comunidade passa a se mobilizar e reivindicar o território de volta.
As mobilizações iniciaram em 2004, e as comunidades obtiveram as primeiras negociações entre empresa e governo no ano de 2005, quando as empresas devolveram algumas hectares do territórios. Mas, eles persistiram reivindicando o território que historicamente pertenceram a comunidade e em 2011, em mais uma negociação a população consegue chegar a um acordo entre empresa e governo.
Entretanto, somente em 2015, após longa fila de espera junto a burocracia e morosidade do Congresso e INCRA as famílias obtiveram a área enquanto assentamento rural, o Assentamento Veredas Vivas. Atualmente a luta é pela recuperação das áreas devastadas e destruída pelo eucalipto, tendo como enfoque a recuperação das nascentes que já dão sinais de vida após um trabalho intenso.
As comunidades da Bahia compartilharam que as estratégias utilizadas pelas empresas são as mesmas no sentido de se apropriar das áreas e que já sentem o esgotamento das fontes de água o que preocupa e coloca a necessidade de se mobilizar contra o avanço do eucalipto.
Para Juraci, da comunidade de Palmeira, Cordeiros – Bahia, a resistência e o sacrifico das famílias de Rio Pardo deve ser um exemplo a ser socializado com as famílias que não puderam participar do encontro. É um incentivo para a luta pela defesa do território e para todos os presentes ficou nítida a importância da mobilização e luta, além de compreender que eles enfrentam um inimigo comum – o capital. E que precisam unir forças para derrotar este inimigo e garantir a vida.