A energia eólica não é tão limpa e os parques eólicos não geram tantos empregos como se propaga. Estes foram alguns pontos de discussão do Encontro de Impactados pelas Eólicas, que aconteceu em Juazeiro entre os dias 13 e 14 de outubro. O evento recebeu cerca de 40 pessoas, sobretudo agricultores/as de comunidades rurais de diferentes municípios do centro norte baiano, onde já existem ou que podem receber parques eólicos. A atividade foi uma promoção da Comissão Pastoral da Terra em parceria com a Misereor.
Sobre os problemas sociais causados pela instalação dos grandes aerogeradores, houve relato até de casos de pedofilia envolvendo funcionários de empresas construtoras dos parques e meninas de comunidades rurais. “Um funcionário chegou a dar em cima da minha filha de 12 anos”, conta Maria de Fátima da comunidade Cabeceira do Brejo, em Bonito.
Especialista em energias renováveis, o professor Heitor Scalambrini da Universidade Federal de Pernambuco, durante sua exposição, relativizou a geração de empregos divulgada pelas empresas do setor. “A construção de um parque eólico dura em média oito meses. Depois disso, ficam apenas poucos técnicos de manutenção, a maioria dos trabalhadores é dispensada. A ideia sempre é maximizar os lucros de quem investe na construção dos parques, como fundos de investimento ou megaempresários”.
Os/as participantes do Encontro também visitaram os condomínios do programa Minha Casa Minha Vida, em Juazeiro, que produzem energia com placas solares e pequenos aerogeradores. A intenção é que todo o sistema, após um período de testes, seja administrado pelos condôminos.
Frente aos impactos sociais, econômicos e ambientais provocados por parques eólicos, a intenção é discutir formas de articulação entre comunidades e parceiros, para se contrapor ao modelo de geração de energia meramente empresarial vigente na região.