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CPT BAHIA

Comunidades Tradicionais da Borda do Lago do município de Sento Sé debatem resultados de Mapeamento Agroecológico e Cartografia Social

No último sábado (04), a Comissão Pastoral da Terra -CPT realizou na comunidade Retiro de Baixo, em Sento Sé – BA, um encontro que reuniu cerca de 100 pessoas para debater os resultados  do Mapeamento Agroecológico e Cartografia Social das Comunidades Tradicionais da Borda do Lago do município. 

O projeto, que é resultado de uma ação colaborativa articulada pela CPT e a Comissão Todos pela Vida, com apoio da Coordenação Ecumênica de Serviços – CESE, surge como um instrumento de empoderamento, luta e organização dessas comunidades contra a selvageria capitalista do Estado, que tem afrouxado e aprovado cada vez mais leis que facilitam a invasão e exploração dos territórios dos povos e comunidades tradicionais para implantação de grandes projetos do agronegócio, do hidronegócio, das mineradoras e empreendimento de geração de energia eólica e solar, que acabam provocando o aumento de grilagem de terras, especulação fundiária e conflitos nos campo.

Construído sob a coordenação do pesquisador Diego Lima Verde (Sertão Agroecológico- Univasf), o material reúne informações de 11 comunidades da Borda do Lago atingidas pela mineração (Itapera, Andorinhas, Aldeia, Limoeiro, Pascoal, Tombador, Retiro de Baixo, Retiro de Cima, Cajuí, Volta da Serra e Ponta D’água) e que têm marcado em suas histórias o processo de readaptação de vida provocado pela Chesf, que na década de 70 retirou à força mais de 70 mil pessoas de suas terras originárias para a construção da hidrelétrica de Sobradinho-BA.

Segundo Diego, para produzir esse material foram utilizadas metodologias participativas adaptadas à realidade das comunidades. “Foram feitos trabalhos semanais envolvendo a produtividade dessas localidades, a questão cultural e patrimonial existente no território desde as questões que envolvem as manifestações culturais, o levantamento de locais de importância cultural e o histórico das comunidades antes e depois da barragem. A partir desse levantamento, dessa sistematização de dados, a gente elaborou um mapa de conflitos e a partir desse mapa nós fizemos também um fascículo mostrando toda a trajetória desse trabalho até o momento da devolução”, explicou. 

Durante o evento, entre cânticos, poesia e dança, o resultado do material foi apresentado e debatido com os/as moradores/as que puderam compartilhar um pouco das suas experiências com esta produção.

“Esse é um trabalho muito bonito por reconhecer as nossas raízes, a cultura das nossas comunidades e poder contribuir com aquilo que a gente sabe, com as coisas que eu sabia por conhecer as histórias dos meus pais […] então é um trabalho muito importante para todas as comunidades”, disse a moradora da comunidade Itapera, Maria Reis, que faz do projeto.

A coordenadora da Comissão Todos Pela Vida, Maria Francisca, também avaliou a produção de maneira positiva: “esse projeto da cartografia é muito importante para nós, muito enriquecedor para as comunidades porque a gente passou a conhecer a cultura, as produções de outras comunidades vizinhas que até então não tínhamos conhecimento e isso nos enriquece no sentido de valorização, a gente se sente valorizado com o reconhecimento do que a gente tem, do que a gente produz, do que a gente é, e isso nos incentiva […] como pessoa, como ser humano, como produtor dessas comunidades.  Estamos confiantes que a gente vai conseguir continuar na luta por meio desse desse mapeamento”, afirmou.

Ainda durante o encontro foram traçadas metas e estratégias para a utilização do material dentro de cada comunidade a fim de fortalecer a luta contra os grandes empreendimentos e empoderar a população com conhecimento a respeito da região a qual pertence. 

Clique [aqui] para ter acesso à Cartografia

ASCOM – Juazeiro

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