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CPT BAHIA

Comunidades Tradicionais participam da assembleia da CPT – Diocese de Irecê-BA

Foi realizada nesta quinta-feira, dia 02 de dezembro a Assembleia da Comissão Pastoral da Terra – CPT, Núcleo da Diocese de Irecê, no Centro Diocesano de Pastoral, em Irecê.

Houve momentos de celebração, formação, reflexões, partilhas e espiritualidade com as Irmãs Catequistas Franciscanas Terezinha Foppa e Edione Mercês, de Morro do Chapéu, em que trouxeram o Evangelho de Marcos 10,46-52 e lançaram algumas perguntas: quem está mandando o cego se calar? O que Jesus diz para o cego? E quais são as cegueiras da nossa sociedade? As irmãs refletiram que assim como o cego seguiu “no” caminho de Jesus, os povos das comunidades também não devem perder a fé e manter a resistência na defesa de seus territórios, modos de vida e da biodiversidade.

Participaram da Assembleia, camponeses/as de comunidades tradicionais de diferentes municípios das Dioceses de Irecê e Barra, religiosos/as, representantes de organizações parceiras e agentes de pastoral.

Em um trabalho de grupo sobre atual conjuntura das comunidades tradicionais, os/as camponeses/as apresentaram as ameaças que afligem as comunidades como a grilagem de suas terras, o avanço do agronegócio e de empresas de mineração e energias renováveis, o desmatamento, a falta de políticas públicas para os povos do campo e outras ameaças. Mas trouxeram as oportunidades e avanços nas comunidades como a produção de orgânicos, os quintais produtivos, a criação de animais, o cultivo em roças coletivas, as festas típicas e momentos culturais, a participação das mulheres nos processos e espaços de decisão, as parcerias, o fortalecimento da economia solidária e muito mais.

O Padre Francisco José Almeida, Coordenador das Pastorais Sociais da Diocese de Irecê, fez uma análise de conjuntura eclesial, social e política. Ele disse que é preciso entendermos o funcionamento do Estado e lançou a pergunta: quanto custa um parlamentar ao Brasil hoje? Essas e outras respostas são importantes para entender qual é o nosso papel na sociedade e como fazer uma interferência positiva no Estado, que segundo Padre Francisco isso se faz ocupando os espaços, “a política é um processo permanente e não a politicagem”, explica o padre. Também trouxe a discussão e reflexão da Economia de Francisco e Clara, proposta pelo Papa Francisco, como uma opção baseada em princípios para uma economia inclusiva, em um movimento conjunto para minimizar as desigualdades econômica e social.

“Temos feito um resgate dos mutirões em que a comunidade se reúne para fazer as atividades, uma delas é a casa de farinha”, disse João Domingos, da Comunidade de Fundo e Fecho de Pasto Manoel Joaquim, em Souto Soares, sobre as ações políticas que fazem no território. Anailde Pereira, da Comunidade Quilombola Gruta dos Brejões, em Morro do Chapéu, afirma que “não podemos nos vender”, referente a trocar o voto por benefícios e por isso mesmo “na comunidade buscamos outras fontes de renda para completar a agricultura familiar”, completa. Com isso, os/as representantes das comunidades se comprometeram em participar de outro momento para planejar as ações para superar os desafios identificados.

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