Entre os dias 17 e 19 deste mês, agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da equipe Centro Norte, se reuniram em Ruy Barbosa para o mutirão de visitas em comunidades dos municípios de Wagner, Lajedinho, Andaraí e Lençóis.
As visitas foram realizadas nas comunidades Aliança, Pé de Serra e Cachoeirinha; assentamentos Padre Cícero, Palestina, Rio Utinga, Nova Vida, São Sebastião, Bela Flor, Novo Horizonte, Piabas, Margarida Alves; assentamentos do crédito fundiário Jaboticabal, Lagoa Nova, Jaraguá; e comunidades quilombolas Pau de Colher e Fazenda Velha.
A bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu se estende por mais de 55 mil km², abrangendo 86 municípios e 10% do território do estado da Bahia, abastecendo mais de 06 milhões de pessoas, mas a expansão do agronegócio no alto Paraguaçu afeta todo o parque Nacional da Chapada Diamantina, mais de 20 comunidades quilombolas e 80 assentamentos.
Na Sub-região da bacia do Rio Utinga, um dos grandes afluentes do Rio Paraguaçu já registra conflitos entre os pequenos agricultores e o latifúndio. São milhares de camponeses que sofrem com a falta de água dos rios Utinga e Cachoeirinha. Esse problema é resultado da utilização das águas, além do necessário, nas plantações, principalmente de banana e mamão. Os rios não têm vazão suficiente para manter esse consumo, há relatos que existem bombas de mais de 110 cavalos, desvios de água e construção de algumas barragens irregulares.
Com a interrupção do fluxo de água do rio Utinga, do município de Wagner até onde deságua, no rio Santo Antônio, os camponeses tiveram inúmeras perdas na produção e muitos trabalhadores tiveram que abandonar suas propriedades em busca de alimentação para os filhos. Em março de 2017, os trabalhadores ocuparam a BR 242, paralisando o tráfego, a fim de chamar a atenção da sociedade e denunciar o Estado por beneficiar o agronegócio e penalizando os pequenos agricultores com a falta de água. Desrespeitando a Instrução Normativa do próprio Estado da Bahia nº 01/2007 (Art. 7º e 8º) que em uma ordem de prioridade, o abastecimento humano e animal aparecem como primeira opção. Com isso, registra-se também a morte das suas criações, de peixes, árvores nativas e o desaparecimento de algumas aves silvestres.
O desastre também atingiu o pantanal Marimbus (APA Marimbus/Iraquara). As mudanças nos ciclos do rio Utinga influenciaram o acúmulo da matéria orgânica e resíduos do esgotamento sanitário das cidades de Utinga e Wagner, alterando a oxigenação dos lagos nos períodos de cheia, matando muitos peixes, jacarés e a cobra aquática sucuiuba, típica dessa APA.
Por este motivo, a CPT em parceria com outras entidades e movimentos sociais, estarão no próximo dia 17 de agosto lançando a campanha de preservação da bacia do Rio Paraguaçu, que será no assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST em São Sebastião, no município de Wagner (BA).
Tiago Aragão
CPT Bahia/ Equipe Centro Norte