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CPT BAHIA

Curso de Formação de Agentes da CPT Bahia é realizado em Salvador

Integrantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) de todas as regiões da Bahia se reuniram entre os dias 04 e 06 deste mês em Salvador (BA), para o Curso de Formação de Agentes. O tema deste ano deu continuidade à discussão “Descolonização do Imaginário e Bem Viver”.

O Bem Viver parte do conhecimento e práticas de vida dos indígenas andinos. Essa filosofia de vida propõe uma construção de novas possibilidades voltadas para questões políticas, econômicas e sociais, questionando uma série de elementos, como as noções de “progresso” e “desenvolvimento”.

Segundo Marina Rocha, agente da equipe Centro Norte, a formação foi um momento de reflexão sobre o Bem Viver dentro da CPT e nas comunidades, e a necessidade de evidenciar e fortalecer as experiências boas que já existem.

“Precisamos trabalhar os aspectos da coletividade, produção, organização, auto gestão, cultura que são conquistas, experiências dos antepassados, e é isso que fortalece as comunidades e as mantem em pé. Mas sem perder de vista que nós enquanto CPT e também as comunidades, precisamos perceber as contradições que existem nas nossas práticas e trabalhar questões como o machismo, o racismo e o individualismo”, disse.

Para Felipe Milanez, professor do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), este é um período de várias crises, sejam elas políticas, econômicas e/ou climáticas, mas uma das mais importantes é a crise epistêmica, das ideias.

“Acho que essa é uma crise fundamental para ser superada, e as ideias que circulam em torno da expressão de Bem Viver pode contribuir, que é apontar vários caminhos alternativos que estão no horizonte e que no momento se encontram apagadas, invisibilizadas e são práticas que já existem e que estão resistindo. Não é uma questão de mudança climática mas de mudar o sistema que provocou essa destruição no ambiente”, afirmou.

Os agentes também discutiram os pontos contraditórios da Lei do Estado da Bahia 12.910/13 que trata da regularização dos territórios tradicionalmente ocupados pelas Comunidades de Fundo e Fecho de Pasto, e principalmente sobre a Ação Discriminatória de Inconstitucionalidade 5783, que está em tramitação no Supremo Tribunal Federal e questiona o prazo de 31 de dezembro de 2018 dado pelo Estado para o autorreconhecimento e certificação das comunidades, que contraria, entre outros, os Artigos 215 e 216 da Constituição Federal de 1988.

Texto e fotos: Comunicação CPT Bahia.

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