Nestas horas desta segunda feira 5 de maio, , está acontecendo o adeus ao nosso dom Tomás. Encontro-me a viver este momento da CPT, aqui na Itália. Dom Tomás Balduino, pastor e profeta, marcou muitos momentos da minha vida nestes meus quarenta anos de Brasil. Revejo agora aquela Cidade de Goiás, tão rica em cultura e história e, ao mesmo tempo tão popular, tão aconchegante que vai acolher, mais uma vez, seu bispo. Dom Tomás é um reflexo desta cidade. Foi daqui que eu ouvi e senti, desde 1975, uma voz que resgatava e proclamava boas noticias. Novas e entusiasmantes para a dureza dos tempos e para a fé da minha juventude que iniciava a ser investida nesta terra, com meus 29 anos de então. Em plena ditadura civil e militar, quando havia, até perto de mim, bispos dizendo que, graças a deus, – que deus ? – os militares tinham botado finalmente ordem no Brasil bagunçado daqueles anos. Tomás, volta hoje para sua cidade, volta para sua cátedra, feita cátedra e catedral dos pobres, para sempre.
Dom Tomás, quero me despedir e estar perto como me ocorreu na noite da celebração dos seus 90 anos, lá em Luziânia, perto de Brasília. Com a alegria do seu sorriso discreto e suas admoestações firmes e coerentes…Como quando nos encorajava dizendo: “não se desanimem quando certo pessoal de igreja e de outras ideologias questionam vocês da CPT e do CIMI. É até bom que eles nos questionem… Assim nos enraizamos mais e buscamos mais profundidade , motivação e lucidez para uma coerência evangélica mais eficaz que os pobres tem direito de encontrar em nós”
Tomas, continue nos “enraizando” na terra e nos “limpando” as vistas! Como quando na Romaria da Terra e das Águas em Bom jesus da Lapa, você nos disse: “Mas esta… é uma nova pentecostes!”
Com meu abraço solidário a todos e todas os que chegarão a ler estas minhas linhas, brotadas no silencio e na solidão do povoado onde eu nasci, mas povoadas por todos e todas que fazem a Pastoral Indígena a Pastoral dos pecadores e a Pastoral da Terra e das Águas. E com todos os que, no Brasil inteiro, se despedem de Tomás, “padrinho” de Pedro do Araguaia e de um multidão de irmãos que, como foi dito, achavam que ele não ia morrer mais. E não deve morrer mesmo!
Abraço. frei Luciano Bernardi