Entre os dias 12 e 15 de junho, agentes e voluntários da Comissão Pastoral da Terra – CPT do Nordeste se reuniram na cidade de Simões, sul do Piauí, para estudar os impactos da mineração causados ao meio ambiente e a vida humana em diversas comunidades.
Durante o encontro, os participantes realizaram visitas nas comunidades de posseiros e quilombolas da região que estão sofrendo com os impactos causados pela transnordestina, a Instalação do Parque de Energia Eólica e o processo ainda em fase inicial da mineração. Trabalhadores e trabalhadoras aproveitaram a visita e denunciaram as diversas ameaças e perseguições por parte das empresas, assim como a destruição das roças e a perda dos seus territórios.
Como resistência, essas comunidades realizaram no ano de 2012 uma assembleia e em 2014 uma Romaria da Solidariedade com o apoio da Paróquia da Diocese de Picos e da CPT do Piauí, e a presença de diversos representantes das outras Dioceses do estado do Piauí assim como das Pastorais e Movimentos sociais. Com isso, organizaram e criaram a comissão intercomunicaria com dois representantes de cada comunidade impactada, para refletir a problemática e se organizar para barrar os avanços destes projetos na região. E atualmente participam do curso Juristas Populares.
No segundo dia do encontro, houve estudos sobre a legislação e mineração, que contou com a colaboração do advogado Eduardo do coletivo Antonio Flor e membro da Organização dos Advogados Populares, e do Padre Dario do Movimento Justiça nos Trilhos, que trouxe os danos e os sinais de morte causados pela mineração e os sinais de vida, as resistências das comunidades.
Em tempos difíceis onde o país tem um governo ilegítimo e que quer destruir os direitos do povo, um dos planos é o de aumentar em 27% do território nacional para o capital estrangeiro e em 50% a contribuição da mineração do PIB Brasileiro. A bancada da mineração, que conta com 119 deputados no congresso, quer através do novo marco legal da mineração, tornar mais rápidas as licitações para o minério. Há mais de 20 mil processos e pesquisas em espera.
Na conclusão do encontro, todos e todas ficaram inspirados/as pelas mais diversas comunidades de fé, com os povos dos terreiros, indígenas, quilombolas e tantos sinais do Reino, que constrói um novo mundo do bem viver e das resistências dos nossos antepassados e das comunidades, onde homens e mulheres, jovens e adultos marcham com a bandeira de luta. Em 2018, o próximo encontro da CPT Nordeste será no estado da Bahia.
Tiago Aragão
Agente da CPT Bahia/ Equipe Centro Norte.