Representantes de 15 comunidades impactadas pelo Projeto de Irrigação Baixio de Irecê reuniram-se na última terça feira, 12 de maio, com promotores do Ministério Público Estadual e com o procurador do Ministério Público Federal, Marcio Albuquerque de Castro, para tratar do Inquérito Civil Público que investiga irregularidades do Projeto de Irrigação Baixio de Irecê, gerenciado e implantado pela CODEVASF no território das comunidades tradicionais dos Municípios de Xiquexique e Itaguaçu da Bahia.
A área de implantação do referido Projeto de Irrigação é ocupado secularmente por mais de 450 famílias de diversas comunidades tradicionais de fundo de pasto. Os 25 representantes e as entidades de apoio (CPT, Paróquia Senhor do Bonfim, Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Xiquexique e Itaguaçu da Bahia), mais uma vez relataram os impactos que as famílias camponesas vêm sofrendo.
Os depoimentos dos representantes comprovaram que a CODEVASF, comprou terras que foram griladas para implantação do referido projeto. Neste sentido, afirmaram que em nenhum momento a Estatal apresentou às comunidades soluções frente à reivindicação das comunidades atingidas e aos impactos que o empreendimento vem causando às famílias camponesas.
Dona Alenita, da Comunidade de Volta da Caatinga de Xiquexique, desabafou: “Como vai ficar a nossa situação, toda vida moramos e criamos nossos animais naquelas terras, pra onde vamos, o que será de nós?”
Além de outros aspectos que foram discutidos e refletidos com os participantes, o procurador Dr. Marcio, afirmou já encaminhou e vai encaminhar ofícios ao INEMA e a outros órgãos imprescindíveis para melhor descortinamento da situação. “Obtido o material,vamos analisar e adotar as providências cabíveis”, disse, assegurando aos presentes que o MPF não vai se omitir no processo de investigação.
Tanto os promotores do MPE, procurador do MPF, quanto os representantes das famílias camponesas impactadas, consideraram a audiência como um momento importante de esclarecimento dos fatos e que muito contribuiu para o processo de investigação que vem sendo feito pelo MPF.
“A audiência foi muito boa e importante, a forma como os promotores e o procurador nos receberam nos aproximou mais destes órgãos. Senti que eles estão sensíveis à nossa luta e abraçaram a nossa causa, na defesa de nossas comunidades, do nosso território. Estamos confiantes que conquistaremos nossos direitos”, disse Francisco, da Comunidade de Poço Grande de Itaguaçu da Bahia.