Cerca de 40 trabalhadores/as, integrantes de movimentos sociais e entidades parceiras participaram da Assembleia Anual da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da equipe de Senhor do Bonfim (BA), nos dias 06 e 07 desta semana. A assembleia foi um momento de formação, avaliação e planejamento das ações durante o ano de 2018.
O evento contou com a participação do Padre Mário, da paróquia de Nova Redenção, diocese de Ruy Barbosa e ajudou a aprofundar a discussão sobre fé e política na conjuntura atual. Em seu discurso, fez uma relação da Doutrina Social da Igreja que abriu as portas após o concílio Vaticano II para ter um olhar mais profundo, direcionado para a vivencia da realidade do povo. “O povo celebra a fé e a vida a partir do seu dia-a-dia e a igreja enquanto instituição precisa ter esse compromisso com os pobres”, disse.
O surgimento da teologia da libertação, também foi apresentada como necessária, pois a igreja abraçou essa classe que sempre foi massacrada e excluída por uma sociedade que oprime e que é omissa aos direitos do povo. Nessa perspectiva, a ação da instituição enquanto pastoral tem como um dos papeis fundamentais contribuir para que Fé e Vida una as pessoas na luta em que se refere a caridade.
Segundo Eliane de Souza Silva, secretaria da associação de pescadores do Açude da Itê, Andorinha (BA), a fé é algo que o povo sempre precisa ter. “O espirito precisa estar vivo dentro da gente para seguir na luta, confiando em Deus que agente vence tudo”, afirmou.
Os participantes ainda fizeram memória dos lutadores e lutadoras que encabeçaram a luta na diocese, e relembraram que esses momentos ficaram marcados na história do povo em defesa do seu território e do seu modo de vida. Otaviano Barbosa da Silva, do Assentamento Bela Conquista de Itiúba, contribuiu com este momento na partilha da experiência ética enquanto militante, onde dedicou por um período de sua vida à política sem perder de vista a suas origens, o seu contato, a sua vivencia com a base.
Os trabalhadores/as estão vivenciando um contexto histórico de retrocesso e perda de direitos, e diante desse cenário, os participantes relataram sobre a importância em pesar ou pensar? os processos coletivos de fortalecimento na luta coletiva, a partir do trabalho de base nas comunidades. Para José Gonçalves Terra, do assentamento Bela Conquista, é necessário o povo unir a fé com a vida, ou não se chegará a lugar nenhum, e ficarão sozinhos.
Já Marenise de Jesus Oliveira, da coordenação do Movimento Estadual de Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombolas (CETA) reafirmou que o movimento social e os camponeses não perderam a esperança. “Ainda existe uma luz no fundo do túnel que é a unidade, a convocação que a fé e a vida exige de nós. Esse chamado de uma postura, de uma defesa, de uma unidade das ações de movimentos sociais e das entidades”. Foram dois dias de trabalho e discussões que ajudarão, a luz do evangelho, a concretizar as ações planejadas e assumidas coletivamente na Assembleia para o ano que vem.
Texto: Amanda Monteiro/ CPT Bahia
Foto: Antonio Celio/ CPT Bahia