Manga, tamarindo, couve, coentro, ervas medicinais, galinha caipira, requeijão, nata, beiju, doces… todo sábado pela manhã o Mercado Municipal de Campo Alegre de Lourdes fica recheado da produção agroecológica de comunidades tradicionais de fundo de pasto do município. Fruto da organização das comunidades, há quase um ano, a população local tem tido acesso, semanalmente, a produtos da agricultura familiar agroecológica, livres de agrotóxicos e ricos em valores nutricionais.
No último sábado (25), agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Diocese de Juazeiro realizaram um diagnóstico participativo com agricultoras na Feira Agroecológica. Cerca de 30 feirantes comercializam seus produtos, sendo que a maioria deles são mulheres.
Em parceria com a entidade espanhola Manos Unidas, o diagnóstico teve o objetivo de fortalecer a organização de grupos de mulheres de comunidades tradicionais de fundo de pasto. Em um clima de alegria e motivação, as feirantes discutiram questões relacionadas à produção e comercialização de seus produtos.
De maneira geral, o levantamento revelou a satisfação das mulheres agricultoras com a feira, abordando os seguintes temas: organização comunitária; estrutura e logística para a Feira; público e clientela; e práticas sustentáveis na produção de alimentos.
Dona Creusa Santos, da comunidade Barreiro do Espinheiro, comentou que a Feira está em boas condições para receber os produtos das comunidades. “A feira existe há quase um ano e, desde o início, nosso público tem sido bom. Para atrair mais clientes, a variedade e a qualidade dos produtos são fundamentais,” afirmou.
Já Dona Ivone Trindade, da comunidade Travessão, enfatizou a importância das organizações que apoiam a Feira Agroecológica, como a CPT, o Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop), os sindicatos de trabalhadores rurais, a Paróquia Nossa Senhora de Lourdes e o Fórum de Entidades Populares de Campo Alegre de Lourdes. “Depois da Feira, nossa renda melhorou. Sempre trago o que produzo em casa,” contou.
A melhora na renda também é observada por Wirlene, da comunidade Lagoa do Arroz, que destaca ainda a importância das práticas agroecológicas. A agricultora conta que apesar das dificuldades provocadas pela dificuldade no acesso e na distribuição de água, pela estiagem e pelo clima do Semiárido, as práticas agroecológicas, como o uso de biofertilizantes, compostagem e adubação verde, estão melhorando a produção.
A relevância desse espaço de comercialização é reconhecida também pelos clientes da Feira Agroecológica, que não dispensam elogios à qualidade e custo benefício dos produtos.
“Além de serem produtos sem veneno, têm excelente qualidade,” disse Alex, cliente de Dona Suely, que sempre prioriza os produtos locais em relação àqueles distribuídos na feira convencional e nos mercados. Dona Noemi Viajante, consumidora e moradora da cidade de Campo Alegre, expressou seu apreço pelos alimentos sem agrotóxico e pela história de vida das mulheres que produzem. “Sempre compro da Dona Zilda, uma pessoa exemplar. Ajudar essas mulheres é contribuir para um futuro melhor. As histórias delas nos fazem querer ajudar,” comentou, revelando que é um prazer frequentar a feira todos os sábados.
A Feira Agroecológica é realizada todo sábado, no Mercado Municipal, das 5h às 12h.
Textoe fotos: CPT Juazeiro/Ba