Estudantes, professores/as, pescadores/as, trabalhadores/as rurais e representantes de instituições e movimentos sociais participaram na tarde desta quinta-feira (25), do lançamento do caderno Conflitos no Campo Brasil 2018 da Comissão Pastoral da Terra (CPT), em Salvador. O evento contou com a parceria do grupo de pesquisa Geografar da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Ruben Siqueira, um dos coordenadores da CPT Nacional, deu início ao lançamento com a apresentação dos dados dos conflitos trabalhistas, por terra e por água no campo brasileiro e baiano. O ano de 2018 registrou o maior número de violência contra a mulher no campo desde 2008, um aumento de 30% nos conflitos trabalhistas e 40% por água no Brasil, em comparação ao ano anterior.
Nos últimos dois anos, o estado da Bahia apresentou um crescimento de 170% nos conflitos por água, e junto com Minas Gerais, lidera os registros com 65 casos cada um. Desses, 26 foram protagonizados por mineradoras, 24 por fazendeiros, 13 por empresários e 02 por hidrelétricas; as populações mais atingidas foram as comunidades tradicionais de Fundos e Fechos de Pasto e quilombolas.
Para José Beniézio, integrante da CPT Bahia e do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), o plano e a política mineral que foram construídas para a intensificação da exploração, visando o desenvolvimento, contribuem para o aumento dos conflitos pela mineração. “A mineração da forma como está não representa industrialização, pelo contrário, é a submissão do nosso país a essa lógica de exploração, violência e expulsão de nossa população”, disse.
Maria José, do Conselho Pastoral de Pescadores (CPP), ressaltou os diferentes significados da água para as comunidades tradicionais, que se distanciam dos interesses do Estado, além da violência e do racismo institucional que os povos sofrem. “É preciso a gente pensar em uma nova forma de sociedade que não passe mais por essa lógica de desenvolvimento que é a exploração e a contabilização dos bens naturais como mercadoria, como um mero fator da economia”, completou.
Entre os depoimentos apresentados no lançamento, Jamilton Magalhães, de Correntina, relembrou a luta e a união do povo em defesa do rio Arrojado e do Cerrado, em 2017. “O povo de Correntina não é terrorista, nós lutamos pelos nossos direitos. O Estado nos chamou de terroristas, mas nós somos agricultores que defendem a vida. Temos a missão de lutar pela água, não só para Correntina ou os ribeirinhos, mas também pelo Vale do São Francisco”, afirmou.
Texto: Comunicação CPT Bahia.
Fotos: Thomas Bauer/ CPT Bahia.