O lançamento aconteceu no Instituto de Geociências da UFBA, em Salvador.
Estudantes, professores, pesquisadores,entidades e movimentos sociais estiveram reunidos na sexta-feira, 29 de agosto, no Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em Salvador, para o lançamento do relatório Conflitos no Campo Brasil 2013, elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O evento, organizado pela CPT Bahia e o Programa de Pós-Graduação em Geografia, através do Grupo de Pesquisa GEOGRAFAR – Geografia dos Assentamentos na Área Rural, da UFBA contou com apresentação do sociólogo Ruben Siqueira e da advogada Tatiana Gomes, ambos da CPT, que interpretaram os dados nacionais e locais. Tiago Rodrigues, do GEOGRAFAR, fez uma reflexão sobre reforma agrária nos últimos anos.
O encontro teve ainda a participação do Cacique Ramon, dos Tupinambás, de Olivença, que falou sobre a luta do seu povo para garantir seus direitos. “Nós estamos lutando há anos pela demarcação do nosso território e por isso temos que unir forças para atingir o nosso objetivo”, disse.
Ramon apontou ainda que 17 índios foram mortos dentro do território de agosto do ano passado até agora. No Brasil, os dados de 2013 apontam que aconteceram 205 conflitos relacionados aos indígenas, sendo 20 ações de retomada de território registradas na Bahia.
Marizélia Carlos Lopes, presidente da Colônia de Pescadores Z-4, de Ilha de Maré, aproveitou seu depoimento para fazer um desabafo: “Estamos vivendo um verdadeiro genocídio das nossas comunidades, as políticas públicas não chegam até nós, não temos saneamento, calçamento, nem cais, é como se houvesse uma decisão contra o nosso povo”, declarou emocionada.
Esta é a 29ª edição da publicação anual que reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, neles inclusos os indígenas, quilombolas e outros povos tradicionais. Após as apresentações aconteceu um debate com os participantes.
Bahia
O número de conflitos no campo na Bahia em 2013 teve um recuo em relação ao ano anterior: foram registrados 98 conflitos, quando, em 2012, foram 138. O mesmo aconteceu no Brasil em geral, que registrou em 2013 um total de 1266 conflitos, quando em 2012 foram 1364.
Do total de 98 conflitos na Bahia, os conflitos por terra somaram 67, contra 122 registrados em 2012. Já o número de conflitos pela água representaram um considerável crescimento, pulando de 8 (oito) registrados em 2012 para 21 conflitos no ano de 2013. De uma forma geral, no Brasil, o número de conflitos pela água teve um crescimento expressivo: 32% a mais que em 2012.
Já em relação ao número de violências contra a pessoa, em 2013 na Bahia foram registrados seis assassinatos, quando em 2012 foi apenas um. Os dados apontam também três tentativas de assassinato, nove ameaças de morte, 11 agressões e nenhum preso. No Brasil, o número de assassinatos foi 34, destes, 15 eram indígenas.
