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CPT BAHIA

Mulheres de comunidades de Fundo e Fecho de Pasto da Bacia do rio Corrente participam de intercâmbio ecossocial em Januária-MG

A realização do Intercâmbio Ecossocial “Economia da Sociobiodiversidade” é uma iniciativa da Comissão Pastoral da Terra (CPT), através do Projeto PPP-ECOS/GEF-7, edital da Estratégia de Paisagem para o Oeste da Bahia, celebrado com o Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN).

Entre os dias 15 e 17 de dezembro, Januária, em Minas Gerais, foi palco do Intercâmbio Ecossocial “Economia da Sociobiodiversidade”. A atividade teve como objetivo apresentar às mulheres experiências da agrobiodiversidade do Cerrado, a partir da realização de oficinas e troca de saberes. Estimulando o aproveitamento dos frutos do Cerrado e dos quintais produtivos, para a segurança alimentar e nutricional, como também a geração de renda e uma melhoria na qualidade de vida e autonomia das comunidades tradicionais de Fundo e Fecho de Pasto.

A caravana organizada pela CPT – Centro Oeste foi composta por 19 mulheres da Bacia do Rio Corrente, representando as associações de Fundo e Fecho de Pasto da região. São elas as guardiãs do Cerrado que ainda resta em pé, garantindo a conservação da  biodiversidade por meio do uso sustentável dos recursos naturais, principalmente a produção de água, dos frutos e raízes que o Cerrado oferece. 

Buscando potencializar os conhecimentos tradicionais e as experiências de parceiros, durante a ida ao Norte de Minas Gerais, as  mulheres visitaram  a comunidade de Sambaíba, na Zona Rural de Januária, conhecendo a sede da Associação dos Usuários da Sub Bacia do Rio dos Cochos (ASSUSBAC). Fundada em 2003, a associação promove renda aos pequenos agricultores, apicultores e agroextrativistas de 8 comunidades na região. Nesta experiência, as mulheres conheceram a cartela de produtos da ASSUSBAC (pequi in natura, conserva da polpa de pequi, óleo de pequi e babaçu, castanha de pequi, castanha de babaçu, doce de castanha de pequi; polpa de umbu, coquinho azedo, tamarindo; mel de abelhas, mel no favo) e aprenderam a técnica  de branqueamento do pequi. 

A segunda experiência foi na comunidade de Agreste, visitando as instalações da marca “Sabores de Agreste”, um grupo de mulheres que coletam os frutos do Cerrado, da Caatinga e de quintal e produz produtos com as receitas  da comunidade e com a descoberta de outras misturas e sabores, como a geleia de manga rosa com pimenta e geleia de maracujá do Cerrado, de encher a boca de água.

As Mineiras e Baianas, trocaram saberes e receitas durante uma tarde inteira, conheceram a iniciativa da sede própria do grupo, que vai funcionar em breve em um contêiner, fornecido pela Codevasf, um espaço com todo conforto, qualificação técnica, procedimentos higiênicos-sanitários e infraestrutura que as mulheres necessitam. São iniciativas como essas que as mulheres da Bacia do Rio Corrente necessitam, para fortalecer o segmento produtivo, empreendedor e sustentável.  

No último dia do intercâmbio, já com saudades de Minas Gerais, as mulheres puderam conhecer  Vicentina Bispo, a “Tina”, idealizadora da marca Pequitina – Segredos e Sabores do Cerrado. Pequitina é uma marca de alimentos que beneficia o Pequi e outros frutos do Cerrado. Dentre os produtos as mulheres conheceram a barrinha de cereais, castanha de pequi cristalizada, castanha de pequi salgada, conserva da castanha de pequi, óleo de pequi, farofa do pequi, geleia de maracujá do mato com castanha de pequi, farofa de buriti, doce de jenipapo, jenipapo cristalizado, gengibre cristalizado e o óleo de sucupira. Tina ainda ofereceu uma receita própria e deliciosa, o famoso “arroz picadinho”, uma mistura de arroz com fatias do pequi, temperos mineiros e os segredinhos dela.

A realização do intercâmbio fortalece a luta em defesa do Cerrado em pé, incentivando as mulheres a cada vez mais valorizar e utilizar a sociobiodiversidade desse rico bioma. Potencializou a troca de experiência entre as organizações e contou com a parceria do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), do Núcleo do Pequi e CEDIF – Centro Diocesano de Formação que ofereceu a estadia para a caravana.

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