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CPT BAHIA

NOTA DE APOIO AS COMUNIDADES DE QUINA E ADJACÊNCIA

“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca”. (Am 5, 24)

Mobilização, foto enviada pela comunidade

A Comissão Pastoral da Terra – CPT, Diocese de Bonfim-BA, vem denunciar e cobrar soluções diante da nefasta situação enfrentada pelas comunidades tradicionais que vivem próximas aos empreendimentos eólicos, que em meio a grave pandemia em curso, não respeitam o jeito de vida e os direitos dessas comunidades. Principalmente os moradores/as da comunidade de Quina e adjacências, do município de Campo Formoso, que vem sendo desrespeitados/as pela empresa CGN Brasil Energi conforme os trabalhadores e trabalhadoras afirmam nos seus depoimentos.

Nos últimos anos, o investimento na produção de energia eólica, na Bahia vem crescendo de forma acelerada. A região Nordeste concentra mais de 80% dos parques eólicos instalados no país. Contudo, esse crescimento acontece de modo descontrolado, gerando graves impactos socioambientais e desrespeitando os direitos e os jeitos de vida das comunidades, destruindo nascentes, assim como outros grandes empreendimentos, a exemplo dos parques solares, das hidrelétricas, mineração e agronegócio.

Esses empreendimentos estão amparados pelo Estado e se camuflam sob o discurso do crescimento econômico e no caso dos parques eólicos e solares, tentam ludibriar a opinião pública, também com a falácia de que, “geram uma energia limpa”, contudo, como pode ser limpa uma energia cujo modelo de implementação é alicerçado na violência, no racismo e na injustiça ambiental? Como pode ser uma energia limpa, se os parques avançam com violência sobre os territórios das comunidades, expropriando os bens comuns e violando diversos outros direitos das populações locais?

É inadmissível que empresas venham de outros lugares, com apoio do estado e entrem nas comunidades, mesmo em meio a pandemia, desrespeitando o protocolo sanitário e chantageando as famílias com promessas mentirosas como a do “emprego” e da “energia limpa”.

Repudiamos também a estrutura do Estado da Bahia que deveria cuidar do povo e zelar pela natureza em vez de ser conivente com a forma de agir dessas empresas que priorizam só o lucro, através desse projeto de desenvolvimento imposto às nações brasileiras, sob base colonial, desigual e predatória dos bens da natureza e dos trabalhadores/as.

As manifestações das comunidades tradicionais de fundo de pasto do município de Campo Formoso-BA explicitam a perversidade das empresas eólicas, o seu descaso com as comunidades atingidas e a negligência do Estado para fazer valer os direitos das populações. Os pequenos ganhos materiais que as comunidades podem ter alcançado, são ínferos, comparados aos ganhos dos empreendimentos e aos prejuízos causados para as comunidades e para os ecossistemas. 

Exigimos respeito à forma de vida e aos direitos das comunidades. Que os poderes públicos exerçam o seu papel de regular, fiscalizar e punir os excessos cometidos e não se vendam a essa economia de rapina.

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