Reunidos em Goiânia-GO, os 32 agentes da Comissão Pastoral da Terra – CPT, do Conselho Pastoral dos Pescadores – CPP, do Serviço Pastoral do Migrante – SPM, da Caritas Brasileira e do Conselho Indigenista Missionário – CIMI, no Curso de Especialização em Direito Agrário / UFG – Universidade Federal de Goiás, de 13 a 25 de setembro de 2015, e os 45 agentes da CPT na Oficina de Mobilização para a Sustentabilidade, de 22 a 24 do mesmo mês e ano, se somam às demais organizações sociais do campo e da cidade em solidariedade ao companheiro João Pedro Stédile, militante histórico do MST, da reforma agrária e de outras lutas sociais. No dia 22 de setembro, ele foi hostilizado por um grupo de reacionários que o esperavam no desembarque do aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza – CE, cidade na qual participaria de um congresso sindical e de uma atividade sobre reforma política e combate à corrupção.
Violações de direitos vêm há muito ocorrendo contra os povos da terra, das águas e das florestas, assim como contra a juventude pobre, negros, LGBTT’s, imigrantes e defensores de Direitos Humanos. Essas violações e ataques vêm se intensificando no Brasil após as eleições de 2014, insuflados pela grande mídia e por grupos contrários à democracia e à legitimidade das últimas eleições presidenciais. Afrontam a liberdade de opinião, disseminam discursos de ódio e praticam ações violentas contra os que por sua luta e resistência contrariam os interesses do capital.
Nos últimos meses vimos a histórica violência contra os povos indígenas ser escancarada com o massacre da etnia Guarani-Kaiowá, no Mato Grosso do Sul, violência em curso também em outros estados como Maranhão e Bahia. Esse drama vivido pelos povos indígenas acontece ao mesmo tempo em que seus direitos constitucionais como povos originários da nação brasileira estão ameaçados pelo Congresso Nacional e outras esferas do Estado.
Os imigrantes também encontram hostilidade quando buscam, desesperados, outras lugares na perspectiva de sobrevivência, a ponto de haitianos serem atacados a tiros em São Paulo no mês de agosto, além das declarações xenofóbicas que vemos nas mídias e redes sociais.
Em tempo de crise das instituições, de permanente impunidade, a intolerância com ideias divergentes, de par com a criminalização dos movimentos sociais e lideranças populares, vem crescendo acentuadamente, extrapolando os limites do debate civilizado, e criando um clima de insegurança que afetará a todos.
Neste contexto de tolerância com a injustiça, a fome, a desigualdade e demais mazelas sociais, e frente à intolerância com os que dignamente lutam por direitos, nos solidarizamos com o companheiro João Pedro e todos os companheiros e companheiras que na sua caminhada de luta sofrem violências.
Repudiamos toda forma de agressão aos Direitos Humanos. Seguiremos em luta!
Goiânia, 24 de setembro de 2015.