Em pouco mais de quatro anos de ocupação, os/as acampados/as da fazenda Santa Maria, situada nos limites territoriais de Ruy Barbosa e Itaberaba na Bahia, sofreu o terceiro despejo ontem (20) pela manhã. O último despejo tinha acontecido no dia 03 de novembro do ano passado, mas os/as acampados/as voltaram a ocupar três dias após, no dia 06.
Segundo as lideranças do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST, a fazenda estava abandonada e com pendências na justiça devido a dívidas bancárias, e uma das três proprietárias manifestou ser favorável a negociação com o INCRA que fez apenas uma pré-vistoria há três anos.
Após essa pré-vistoria, a proprietária não assinou a ordem de desapropriação impedindo que o processo andasse, enquanto isso mais de cem famílias continuavam na área cultivando suas roças e criando alguns animais de pequeno porte.
O conflito reacendeu no início deste mês quando uma agência financeira do Banco do Brasil visitou a área, afirmando que um arrendatário tinha adquirido um empréstimo em nome de uma mulher (laranja) para criar mais de 100 vacas leiteiras, e não foi encontrado nem infraestrutura e nem os animais na área.
Uma das líderes do movimento e também acampada, diz que o primeiro despejo foi o mais doloroso, pois agiram com mais truculência e depredaram toda produção, mas esse apesar de estar sendo negociado de forma mais amistosa entre o movimento e os arrendatários, é muito mais cruel para a classe trabalhadora já que as cem famílias que sobrevivem daquela área vai perder seu espaço para os bovinos. Como parte da área da fazenda de pouco mais de seis mil tarefas está dentro da ARIE – Área de Relevante Interesse Ecológica, a criação de gado é vista como uma ameaça para o meio ambiente, muitas nascentes poderão desaparecer com o desmatamento e o pisoteio de animais.
Claudio Dourado – CPT Bahia/ Equipe Centro Norte – Ruy Barbosa.