A Odebrecht montou um esquema estruturado de propina. Um delator denunciou que “havia um certo prazer de comprar”. Já não era sequer a velha prática das empresas de comprar agentes públicos conforme seus interesses, mas a satisfação de ver tanta gente “comer na mão”.
A prática existe há trinta anos, segundo Emílio. Ele fala rindo, sabendo que tem nas mãos a cabeça de muita gente. Portanto, outros governos também sucumbiram ao poder dos corruptores.
Estamos falando apenas de uma empresa. Não há como detalhar o que acontece nos estados e nos municípios. Só sabemos que nenhuma esfera do poder público escapa ao conluio dos corruptores com os agentes públicos, com as exceções de sempre.
Porém, para os corruptores a propina é investimento, mesmo que seja alta. Só pode investir centenas de milhões de reais em propina quem tem certeza de seu retorno através de obras financiadas pelo dinheiro público.
Mas, a ação corruptiva não terminou, para a desgraça do povo brasileiro. Quem ganhou para que a dívida de 25 bilhões do Itaú fosse perdoada agora? Quem está pagando para que a Reforma de Previdência seja feita, favorecendo a previdência privada? Quantas empresas e empresários estão financiando a mudança na legislação trabalhista? Quem da educação pagou pela mudança no currículo escolar? E quem ali naquele Congresso está se vendendo para operar essas mudanças?
O poder dos corruptores é medonho, do tamanho do capitalismo e não faltarão corruptos para aceitar os subornos, mesmo que seja para condenar o povo ao pão que o diabo amassou, se é que ele amassa o pão para alguém.
Roberto Malvezzi (Gogó)